Sidrolandia
Donos da Fazenda Alvorada querem cercar área e retirar 320 famílias de acampados
Um grupo de sem-terra se reuniu hoje pela manhã no Sindicato dos Trabalhadores Rurais na expectativa de encontrar uma solução
Flávio Paes/Região News
15 de Outubro de 2012 - 15:55
As 320 famílias que há seis anos estão acampadas numa área que margeia a Fazenda Alvorada à espera de lotes da reforma agrária deixarão o local. O dono da propriedade, Olinto Camparim, quer incorporar à propriedade a faixa de 23 hectares onde foram construídos os barracos.
Um grupo de sem-terra se reuniu hoje pela manhã no Sindicato dos Trabalhadores Rurais na expectativa de encontrar uma solução. Um dos sobrinhos do fazendeiro, nos avisou para desmontar os barracos porque a área será usada no plantio de soja. No trecho que fica nos fundos da Seara, a cerca começou a ser construída, informa dona Lourdes de Fátima Ferreira, que lidera um núcleo do acampamento que concentra 147 famílias.
Dona de um lote no Eldorado Parte, ela faz sua militância atuando na organização dos acampados. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Rosa Marques, este acampamento, montado na saída para Campo Grande, concentrou inicialmente sem-terra que estavam na expectativa da desapropriação (ou compra para a reforma agrária) da Fazenda Alvorada (formada com a junção das Fazendas Brejão, GDA e Ribeirãozinho).
Há algum tempo a propriedade foi vendida para a família Camparim que teria deixado esta faixa de 23 hectares (onde há uma antiga estrada boiadeira) para a Prefeitura como garantia do pagamento do ITBI.
Agora, com a quitação do tributo, os proprietários decidiram então incorporar a área ao restante da propriedade, que tem 13 mil hectares, para o cultivo de soja. Os sem-terra estão divididos em três lideranças. A maioria frequenta o acampamento aos finais de semana.
A gente tem que sobreviver trabalhar de segunda a sexta-feira na cidade. Aqui não tem nem água. Uma vez por mês a Prefeitura manda um caminhão pipa. A última vez que o INCRA mandou cesta básica, foi no último mês de janeiro, explica Maria Helena Santos, que há 3 anos está acampada. Junto com o irmão, ela arrenda uma área de um hectare na capital (na região do Museu José Antônio Pereira) onde cultiva legumes e verduras.
Já o pastor Jorge Antônio está desde o início do acampamento. Ele mora no barraco e mantém numa área de 11 hectares 8 vacas leiteiras que lhe rendem uma produção diária de 15 litros de leite. Terá de desmontar o mangueiro porque os 11 hectares foram desapropriados pela Prefeitura para o projeto de expansão da Seara/Marfrig.