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Sidrolandia

Em clima de guerra, terena mantém vigília na Fazenda Buriti à espera de reunião em Brasília

Está sendo cogitada o bloqueio da MS-162, rodovia que liga Sidrolândia a Quebra Coco e a retomada de quatro propriedades que ainda se mantém sob controle dos proprietários

Flávio Paes/Região News

06 de Agosto de 2013 - 17:00

Os índios terena da Reserva Buriti vão permanecer em vigília até amanhã quando esperam uma resposta positiva do Governo Federal que garanta à etnia os 15 mil hectares localizados entre Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, reivindicados como terra indígena.

Um grupo de 300 índios se concentrou na tarde desta terça-feira na Fazenda Buriti, alguns caracterizados como guerreiros, sob o olhar vigilante de 15 homens da Força Nacional. Eles deixam clara a disposição de não aceitar passivamente novos adiamentos para solução do conflito. Cobram da União que cumpra o compromisso firmado no último dia 20 de junho de na primeira semana de agosto, definir a compra das 31 propriedades que serão transformadas em aldeia.

Cautelosos, não antecipam os próximos passos da mobilização, caso o desfecho da reunião desta quarta-feira em Brasília da força tarefa formada pelo Governo Federal para resolver o conflito, não traga o único desfecho que eles esperam: uma solução jurídica para eles tomarem posse de vez dos 15 mil hectares.

Está sendo cogitado o bloqueio da MS-162, rodovia que liga Sidrolândia a Quebra Coco e a retomada de quatro propriedades que ainda se mantém sob controle dos proprietários: as Fazendas São Sebastião, Fazenda Vassoura, Fazenda Furna da Estrela e Fazenda Água Clara.

Os terenas não se intimidam com a presença da tropa da Força Nacional que veio para região evitar confrontos, como o que resultaram na morte de Oziel Gabriel (dia 30 de maio na Fazenda Buriti) e no boleamento de Joziel Gabriel, na Fazenda Sebastião dois dias depois.

Os índios não parecem convencidos de que a recente sentença proferida pelo Tribunal Regional Federal favorável aos fazendeiros seja motivo para o Governo Federal recuar da decisão de comprar as 31 propriedades e transformar em reserva indígena.

“Se não demarcarem, vamos marca a terra por nossas próprias mãos. Chega de sofrimento”, avalia disse o cacique Ageu Reginaldo Terena, exibindo foice ao avisar que a demarcação será feita pela própria tribo. Segundo o cacique, os indígenas não vão aceitar mais demora. “Não vamos aceitar que a União brinque com essa gente. Estamos sendo ameaçados e não vamos nos calar”, destacou.

“Perdemos a guerra, mas não perdemos a luta. Quem matou nosso irmão foi o Governo. Nós não vamos nos calar até conseguir”, afirmou o filho do cacique, Gênio Reginaldo Francisco Terena. Para o ancião da Aldeia Buriti, Basílio George Terena, a situação é mais grave. “Eles dizem que vão matar índio. Nós estamos lendo na internet, fazendeiro fazendo ameaça. Se vai matar índio, se está em época de exterminar, então vai acontecer porque nós não vamos sair daqui”.

Em clima de guerra, terena mantém vigília na Fazenda Buriti à espera de reunião em Brasília