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Sidrolandia

Em nota, Calero diz que não pediu audiência para gravar Temer

Ex-ministro da Cultura foi o pivô da demissão de Geddel Vieira Lima. À PF, Calero disse ter sido "enquadrado" para atender a pedido de Geddel.

G1

25 de Novembro de 2016 - 15:27

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero divulgou nota nesta sexta-feira (25) na qual negou que o objetivo da audiência solicitada a Michel Temer tenha sido gravar a conversa com o presidente da República. No comunicado, ele atribuiu a disseminação dessa suspeita ao Palácio do Planalto.

Nesta quinta, em um pronunciamento na sede do Executivo federal, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, confirmou que Temer se reuniu com Calero para resolver o que o governo classificou de "impasse".

O porta-voz afirmou que o presidente ficou "surpreso"  com os "boatos" de que Calero solicitou a audiência com ele somente para gravar "clandestinamente" a conversa e divulgar posteriormente.

Calero pediu demissão na última sexta (18).No dia seguinte, denunciou em uma entrevista que deixou o governo por ter ficado incomodado com a pressão do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para que liberasse uma obra em Salvador que havia sido embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Pivô da crise política que atingiu até mesmo o gabinete presidencial, Calero gravou a conversa que teve com o presidente no Planalto, informou nesta sexta o Bom Dia Brasil. Procurado pela TV Globo, ele disse que não pode falar sobre esse assunto.

Em depoimento à Polícia Federal (PF) na última quarta-feira (23), Calero afirmou que, em uma conversa com ele no Palácio do Planalto, o presidente da República interveio em favor do então ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para liberar uma obra em Salvador. Com a crise, Geddel acabou pedindo demissão.

"A respeito de informações disseminadas, a partir do Palácio do Planalto, de que eu teria solicitado audiência com o presidente Michel Temer no intuito de gravar conversa no Gabinete Presidencial, esclareço que isso não ocorreu", escreveu Calero em trecho da nota.

Demissão de Geddel

Geddel Vieira Lima enviou na manhã desta sexta-feira, por e-mail, uma carta de demissão ao presidente da República. O agora ex-ministro da Secretaria de Governo, que está na capital baiana desde quarta (23), conversou por telefone com Temer depois de encaminhar a solicitação para se desligar do primeiro escalão.

Segundo a assessoria do Planalto, o presidente aceitou o pedido de Geddel, que era responsável pela articulação política do governo federal com o Congresso Nacional.

Na carta de demissão, na qual se referiu ao presidente da República como "fraterno amigo", Geddel escreveu que "avolumaram-se as críticas" sobre ele e, em Salvador, vê o"sofrimento" de sua família, que é o "limite da dor que suporta". Ele, então, diz ao presidente que "é hora de sair".

Na mensagem, ele também pediu desculpas a Temer pela dimensão das "interpretações dadas", referindo-se à acusação de Marcelo Calero de que Geddel o pressionou para desembargar a construção de um condomínio de luxo em um bairro nobre de Salvador que havia sido barrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão vinculado ao Ministério da Cultura.

Nota de Calero

Leia a íntegra da nota divulgada por Marcelo Calero:

A respeito de informações disseminadas, a partir do Palácio do Planalto, de que eu teria solicitado audiência com o presidente Michel Temer no intuito de gravar conversa no Gabinete Presidencial, esclareço que isso não ocorreu.

Durante minha trajetória na carreira diplomática e política, nunca agi de má fé ou de maneira ardilosa.

No episódio que agora se torna público, cumpri minha obrigação como cidadão brasileiro que não compactua com o ilícito e que age respeitando e valorizando as instituições.