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Sidrolandia

Estado se isenta de recuperar propriedade destruída por erosão aberta pela enxurrada

Dona Senira Kuntzel há 11 anos a luta na Justiça para o Governo do Estado recuperar os estragos que provocou na sua propriedade

Flávio Paes/Região News

09 de Fevereiro de 2017 - 13:27

O Governo do Estado, que está investindo R$ 1,1 milhão numa obra de drenagem na Rua Hélio Martins Coelho, não planeja aterrar as valetas abertas na propriedade de 1,2 hectares de dona Senira Kuntzel Alvarez, onde mora ela e outros três familiares. 

A área ficou praticamente retalhada por valetas, com acesso feito por pinguelas. A erosão surgiu há 11 anos, a partir da construção de um bueiro sobre a pista da MS-162 em frente da chácara. Pela tubulação escoa a enxurrada que desce da região próxima ao Bairro Cascatinha. 

Em contato com o engenheiro da Agesul (Agência Estadual de Empreendimentos) responsável pela fiscalização da obra, Fátima Alvarez dos Santos, uma das filhas da proprietária, foi informada que o projeto não prevê a contenção do processo erosivo, nem a recomposição do terreno onde voçoroca inviabilizou qualquer plantio. A responsabilidade de recuperar a área, conforme o técnico do governo, seria da Prefeitura.  

De acordo com Fátima, a propriedade hoje é improdutiva, porque quando chove, a enxurrada vem com toda força leva os canteiros da horta e as diferentes lavouras que a família tentou cultivar: mandioca, milho e feijão.

Dona Senira Kuntzel há 11 anos a luta na Justiça para o Governo do Estado recuperar os estragos que provocou na sua propriedade, além de cobrar indenização pelo crime ambiental.

Ela atribuiu os problemas que durante todo este tempo tem lhe tirado o sono, a implantação de um bueiro num trecho de curva da rodovia. Com isto a enxurrada passa exatamente por dentro da sua propriedade e junto com a água da chuva, desce lixo, galhos de árvores e até animais mortos.

“Pensei até em fechar este bueiro. Como ninguém do Governo ou da empreiteira me atendeu, não tive outra solução, a não ser recorrer à Justiça”, relata. O problema se agravou à medida que se consolidou o processo de ocupação dos bairros situados na parte alta da cidade.

A enxurrada, além de abrir crateras, praticamente impede o cultivo de hortas, pequena criação de gado para produção leiteira e provoca alagamentos nas quatro casas construídas na chácara ocupadas por familiares da proprietária. “A cada chuva é a mesma coisa. As casas ficam ilhadas pela enxurrada e quando é mais forte, alaga a varanda, chega na cozinha”, relata Vera Lucia Kuntzel, uma da filhas de dona Senira.