Sidrolandia
Ex-presidiário fala de atuação em Tropa de Elite 2
G1
19 de Outubro de 2010 - 09:43
Por trás de um dos momentos mais fortes do Tropa de elite 2, quando o traficante Beirada, interpretado por Seu Jorge, lidera uma rebelião no presídio, está um personagem desconhecido do grande público, que atua como coadjuvante, mas que foi fundamental para que a cena tivesse o impacto de realidade que o filme transmite.
Depois de contribuir para a produção do Tropa 1, Alexandre Santos Rodrigues, 36 anos, mais conhecido como o rapper MC Jovem Cerebral, vocalista da banda Stereo Maracanã, voltou a ser chamado pelo diretor José Padilha para ajudar a elaborar o perfil dos traficantes que atuam na cena.
Ex-presidiário, Cerebral, que já foi assaltante e fez parte de uma facção criminosa, cuidou dos mínimos detalhes para que o elenco reproduzisse a postura, gestos, gírias e até a maneira de se vestir dos criminosos.
Entre as facções rivais, até as marcas dos tênis são diferentes. É uma forma de identificar um rival ou aliado, ensina o instrutor da cena.
Cerebral, que conviveu com traficantes dos morros da Mineira, Prazeres e São Carlos comunidades onde hoje participa de projetos sociais e virou referência positiva para os jovens por seu trabalho como músico e participação em Tropa de elite-, incorporou todos os cacoetes dos integrantes das quadrilhas daquela época.
Sangue quente- Ele lembra ainda que em várias cenas ensaiadas em um estúdio da Barra da Tijuca, na zona oeste, a ebulição emocional era muito intensa.
No esquenta, a gente, que fazia parta da facção criminosa, gritava com os policiais do Bope, instigando o outro elenco, como se fôssemos inimigos de verdade. Houve um momento em que quase aconteceu uma pancadaria sem que a cena estivesse sendo gravada. A Fátima, que excitou o grupo, veio para acalmar os ânimos, conta, rindo.
Mas o resultado final agradou a todos e foi um clima de muita euforia e emoção. Fiquei com os olhos cheios d´água. O Padilha me abraçou, Seu Jorge também e, ao fim, todo o elenco se abraçou, emocionados. O trabalho estava feito. Estou feliz de ter transformado uma passagem ruim da minha vida em um projeto de trabalho tão positivo, conclui, ainda comovido com as lembranças.