Sidrolandia
Fazendeiros desmentem CIMI e vão à Polícia denunciar índios e a Federal
Em Paranhos há uma área de conflito entre índios e fazendeiros. São 15 fazendas que foram homologadas pelo Governo Federal como terra indígena
Flávio Paes/Região News
12 de Agosto de 2012 - 23:13
Os donos das Fazendas Eliane e Campina, em Paranhos, vão nesta segunda-feira registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil para denunciar um grupo de 400 guarani kaiowa que na última sexta-feira à tarde entrou nas propriedades, matou os cães, abateu cabeças de gado para fazer churrasco, além de ocupar a sede das fazendas.
O grupo teria promovido a investida com a escolta de policiais federais (que chegaram em três viaturas) e da Guarda Nacional que deixaram o local depois de não localizar um indígena que estaria desaparecido. Segundo Sidney Almeida, cunhado de Luiz Bezerra, um dos donos das áreas ocupadas , na sexta-feira pela manhã os índios fizeram uma primeira investida nas duas fazendas, que juntas têm 756 hectares. As propriedades fazem divisa com as aldeias e integram os mais de 7 mil hectares reivindicados como terra indígena.
O guarani kaiowa foram rechaçados pelos funcionários da Fazenda Eliane que teriam feito disparos para o alto e assim conseguiram afugentá-los. No meio da tarde, conforme a versão de Sidney, os índios voltaram e desta vez acompanhados por policiais. Eles teriam convencido a Polícia Federal a intervir com a versão de que foram atacados por pistoleiros (contratados pelos fazendeiros) que teriam levado um dos líderes do grupo, o guarani kaiowa, Eduardo Pires que estava com eles no acampamento onde se concentravam.
Não tem índio nenhum desaparecido. Quem sofreu violência foram os funcionários das fazendas que foram vítimas da ação arbitrária dos policiais que derrubaram a porteira, assegura Sidney. Atualmente seis propriedades estão ocupadas pelos índios em Paranhos. Uma sétima fazenda, a Porto Domingos (de 900 hectares) também é alvo dos guaranis kaiowa. A propriedade está arrendada e pertence a Cícero Bezerra, irmão de Luiz Bezerra dono das Fazendas Eliane e Campina.
Em Paranhos há uma área de conflito entre índios e fazendeiros. São 15 fazendas que foram homologadas pelo Governo Federal como terra indígena, mas não foram demarcadas. Formam o tekoha (território sagrado) Arroio Koral, homologada em 2009 pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A homologação foi questionada na Justiça pelos fazendeiros. Uma decisão final sobre o processo está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). No ano passado, uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu parcialmente os efeitos da homologação ao deferir um mandado de segurança impetrado pelo dono da Fazenda Iporã, uma das 15 fazendas que estão na área homologada de 7.175 hectares.