Sidrolandia
Fetagri acusa Incra de cortar entrega de cesta alimentar
Segundo documentos recolhidos pela federação, a última entrega das cestas foi realizada em 06 de junho
Campo Grande News
14 de Setembro de 2010 - 16:44
A Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul) reuniu cerca de 400 trabalhadores rurais em sua sede na Capital para cobrar do Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) o retorno da distribuição da cesta de alimentos, suspensa desde junho deste ano.
De acordo com a Fetagri, o órgão responsável pela reforma agrária tem feito recadastros relâmpagos, excluindo os trabalhadores que não estejam no acampamento.
Querem obrigar a gente a ficar 24 horas, sob a lona, esperando o recadastrador. Desse jeito ninguém pode trabalhar e se sustentar, ainda mais que eles cortaram as cestas, denuncia Alaíde Ferreira Teles, diretor da Fetagri.
Segundo documentos recolhidos pela federação, a última entrega das cestas foi realizada em 06 de junho.
No kit com cerca de 50 quilos de mantimentos como arroz, feijão e macarrão os trabalhadores reclamam da quantidade absurda de farinha encaminhada. Querem que a gente tome café da manhã, almoce e jante farinha, complementa Teles.
A Fetagri denuncia ainda que a construção de casas nos assentamentos está paralisada por conta dos últimos acontecimentos envolvendo o Incra. No final do mês de agosto, o ex-superintendente Wilson Cipriano Nascimento foi preso, sob acusação de venda de lotes e esquema de distribuição de terra para pessoas fora do programa de reforma agrária.
As irregularidades cometidas no Incra são relacionadas a uma determinada região. Não dá para entender por que suspender as obras em todo o Estado. É preciso agilizar o processo, afirmou Adão de Souza Cruz, diretor de Política Agrária da Fetagri.
Outro lado O atual superintendente do Incra no Estado, Manuel Furtado Neves, não participou do encontro nesta tarde, por ter sido chamado às pressas para reunião em Brasília. De acordo com o ouvidor do órgão, Sidnei Ferreira de Almeida, representando o superintendente, a distribuição de cestas não é mensal e o recadastro é prática comum.
Todo processo sofre atualização, para melhorar e se aperfeiçoar. Não queremos impedir os trabalhadores de saírem do acampamento, afinal não é um campo de concentração. E há maneiras de deixar informado o líder do local sobre a situação da família, evitando a exclusão da lista de recebedores da cesta, disse Sidnei.
O ouvidor não quis comentar sobre os desdobramentos da Operação Tellus, da Polícia Federal, que levou à prisão de Wilson Cipriano. A fraude na reforma agrária em Mato Grosso do Sul causou prejuízo de R$ 62 milhões aos cofres públicos.
Um dos principais alvos da investigação é a Fazenda Santo Antônio, em Itaquiraí, município no Cone-sul do Estado. Uma nova reunião foi marcada para o dia 22 de setembro, próxima quarta-feira, na sede da Fetagri, com a presença confirmada do superintendente do Incra.