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Sidrolandia

Governo vai assentar todas famílias acampadas até final do mandato

Segundo o ministro, os cortes no ministério não afetaram os principais programas de sua pasta

FOLHAPRESS

24 de Outubro de 2015 - 07:37

O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias, disse ontem (23), em São Paulo, que até o final do mandato da presidente da República Dilma Rousseff, o governo pretende assentar todas as famílias de sem-terra.

Em entrevista, antes de discursar na 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Parque Água Branca, em São Paulo, o ministro disse que isso corresponde entre 120 mil e 130 mil famílias.

“Já assentamos, este ano, 15 mil famílias acampadas, e estamos reafirmando nosso empenho, desejo e todo o nosso trabalho para assentar, até o final do governo da presidente Dilma, em condições dignas, as famílias acampadas hoje no território nacional”, disse ele. Em discurso a militantes sem-terra, mais tarde, o ministro reafirmou esse compromisso e acrescentou que o governo “irá no limite de suas possibilidades para fazer isso”.

Segundo o ministro, os cortes no ministério não afetaram os principais programas de sua pasta. “Ocorreu m pouco nos instrumentos meio. Mas com relação a nossas atividades finalísticas, que é o que mais importa, que é o apoio efetivo, o desenvolvimento da agricultura familiar e o assentamento das famílias acampadas, não”, afirmou. Ele disse que, para cumprir seus objetivos, o ministério tem buscado outras formas de recursos, como dívidas não pagas por proprietários e melhor aproveitamento do imposto territorial rural.

O ato em defesa da alimentação saudável, que ocorreu no início da tarde de hoje na feira, foi aberto com um discurso gravado da presidente da República Dilma Rousseff, que não pôde comparecer ao evento. “A reforma agrária é e continua a ser uma luta fundamental para a construção de um Brasil desenvolvido. Uma reforma que garante o acesso à terra e que assegura apoio a uma produção sustentável, garantindo qualidade de vida às famílias nos assentamentos. Esta é a reforma agrária que queremos e que estamos fazendo”, disse a presidente.

Em seu discurso no evento, João Pedro Stédile, um dos líderes do MST, fez duras críticas à política econômica do governo Dilma. “Somos contra as medidas de ajuste, que não resolvem a crise e não atendem aos trabalhadores”.

“Votamos na presidente Dilma porque ela tinha um projeto mais desenvolvimentista, e é isso que nos dá o direito de criticar a política econômica da presidente, que não é o que foi prometido na campanha. Defenderemos o mandato da Dilma contra qualquer golpe, mas ao mesmo tempo exigimos que ela mude a política econômica. Os ajustes fiscais que o ministro da Fazenda [Joaquim Levy] está fazendo, reduziu a problemática econômica do Brasil como se fosse um exercício contábil, apenas, do orçamento da União. Como diminuiu a receita, temos que cortar gastos. Isso não resolve o problema da crise econômica, isso só vai agravá-la”, disse Stédile.

“O governo Dilma está em dívida com os camponeses”, disse, citando um posicionamento do governo mais acirrado contra o uso de agrotóxicos, contra a privatização do pré-sal e contra o projeto de lei antiterrorismo que, segundo ele, criminaliza os movimentos sociais. Ele também criticou a possibilidade de que sejam feitas mudanças na previdência. “Vamos nos levantar em todo o Brasil para impedir isso”.

Stédile também disse que a reforma agrária “precisa ir mais longe”. “A reforma agrária começa pela distribuição de terra, mas precisa ir mais longe. É preciso mudar a matriz ecológica, com terra para produzir alimentos saudáveis”, defendeu.