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Sidrolandia

Greve do INSS sacrifica trabalhadores, alguns esperam há sete meses pelo auxílio-doença

Boa parte desta demanda represada durante a greve (em torno de 800 atendimentos), só será atendida em 2016.

Flávio Paes/Região News

01 de Outubro de 2015 - 15:05

Os 80 dias de fechamento da agência de Sidrolândia do INSS, em função dos 78 dias de greve dos funcionários encerrada na última terça-feria , ainda impõem sacrifício a centenas de trabalhadores afastados das atividades do serviço por problemas de saúde, que estão na dependência de perícias médicas para receber o auxílio-doença, que para eles é a única esperança de renda neste período de inatividade.

Muitos deles, que madrugaram nesta quinta-feira em frente a agência, na expectativa de estar entre os primeiros a serem atendidos, com histórias que pouco variam de pessoa para pessoa, mas com um fio condutor que as une: as dificuldades de sobrevivência, hoje condicionada a ajuda de amigos e parentes, ou  recorrendo  a  dinheiro emprestado para fazer compras no mercado e pagar as contas mais urgentes.

Um, dentre tantos personagens que simbolizam estas dificuldades, é Egnaldo Furtado, há sete meses afastado do seu trabalho no Frigorífico JBS, agendou duas vezes sua perícia (em agosto e no último dia 29 de setembro), mas com a greve dos funcionários, não foi atendido. Neste período sua família tem sobrevivido do salário da esposa, que como entrou de férias, neste mês só recebeu um saldo de R$ 250,00, dinheiro insuficiente para pagar o aluguel de R$ 350,00.

Muita dificuldade também está enfrentando Maria Cristina Nunes, que já há algum tempo espera pelo auxílio-doença enquanto está impossibilitada de voltar a trabalhar. Diabética, ela teve um acidente no trabalho (pisou num prego), e um dos seus dedos gangrenaram e ela mal consegue ficar em pé. Mãe de quatro filhos, está sobrevivendo com o dinheiro das pensões das crianças. Como o dinheiro é curto, já foi até despejada por falta de pagamento do aluguel. Seu tratamento está sendo prejudicado porque não está em condições de comprar um dos remédios receitado pelo médico que não é oferecido de graça no posto de saúde.

A mesma angústia vive Antonio Morales, que há seis meses espera passar pela perícia para começar a receber o auxílio-doença. Ele machucou o joelho jogando bola e precisa fazer uma cirurgia para voltar a ter condições retornar ao trabalho. Antes da greve chegou a agendar a perícia (dia 29 de maio), mas foi remarcada para agosto, quando o movimento tinha sido iniciado.

Quem também aguardava ansiosa pela reabertura da agência do INSS é Elisangela Antunes, que há 90 dias, aguarda pelo auxílio-maternidade. Desempregada, teve muitas dificuldades para comprar o enxoval da criança, atualmente com três meses de idade.

Boa parte desta demanda represada durante a greve (em torno de 800 atendimentos), só será atendida em 2016. A situação dramática é dos segurados que esperam pelo auxílio –doença. O médico que atende Sidrolândia (residente em Costa Rica) só vai voltar ao trabalho dia 29, quando fará 15 atendimentos, só retornando dia 8 de novembro. Como ele só vem 9 dias por mês na cidade, só são agendadas 135 perícias mensais.

Como se calcula o auxílio-doença?

O valor do auxílio-doença é de 91% do "salário de benefício" (* período de carência de no mínimo 12 meses de contribuição). 
- O que é "salário de benefício"? É a média aritmética simples de 80% dos maiores "salários de contribuição" de todo período de contribuição. 
- O que é "salário de contribuição"? É o salário bruto que o trabalhador recebe por mês, de uma ou mais empresa, que é a base de desconto mensal do INSS - basta observar o seu holerite. Há um teto estipulado pela Previdência deste valor do salário de contribuição - em 2013, é de R$ 4.159,00. Assim, se alguém recebe R$ 10.000,00, R$ 15.000,00 ou R$ 20.000,00, o seu "salário de contribuição" ainda será de R$ 4.159,00. 

Exemplo de como é feito o cálculo do "salário de benefício": 

1) Se todo o período de contribuição é de 60 meses (5 anos de contribuição); 
2) Tomam-se 80% das maiores contribuições mensais (que é o "salário de contribuição), que, neste exemplo, resulta em 48 meses; 
3) Somam-se seus valores correspondentes (o valor do salário de contribuição destes meses). Para facilitar o exemplo, se 24 meses o valor é igual a R$ 1.000,00 e outros 24 em R$ 1.500,00, valor total de R$ 60.000,00; 
4) Divide-se o resultado por 48, que resulta em R$ 1.250,00. 
5) Deste valor de R$ 1.250,00, você receberá apenas 91%, ou seja, R$ 1.137,50.