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Sidrolandia

Laboratório suspende desenvolvimento de Viagra feminino

O agravante é que a indústria ainda é acusada de criar doença para vender o medicamento

Portal Educação

19 de Outubro de 2010 - 17:14

O laboratório alemão Boehringer Ingelheim anunciou, no início deste mês, a interrupção da fabricação do medicamento flibanserina, mais conhecido como Viagra feminino. Apesar do laboratório relatar bons resultados em alguns testes clínicos no tratamento de transtorno do desejo sexual hipoativo, as agências reguladoras dos EUA - em especial a FDA (Food and Drug Administration) - não foram convencidas de que a pílula seria capaz de estimular a libido.

O agravante é que a indústria ainda é acusada de criar doença para vender o medicamento. Em junho, a “pílula cor-de-rosa” - desenvolvida com base em um antidepressivo sem muita eficácia que apresentou um aumento no desejo sexual feminino como efeito colateral - teve resultados insatisfatórios em testes da FDA e apresentou “riscos inaceitáveis”.  De acordo com os especialistas, quase 15% das mulheres pararam de tomar os comprimidos antes do final do estudo, devido a efeitos colaterais como depressão, desmaios e fadiga.

O executivo chefe do laboratório, Andreas Barner, destaca que a pílula tinha como promessa ajudar a despertar o desejo das mulheres, principalmente aquelas antes da menopausa com uma redução persistente e inexplicável do desejo sexual.  Entretanto, devido aos resultados adversos, foi necessário interromper a fabricação do medicamento. “A decisão não foi fácil, considerando o estágio avançado do desenvolvimento”, disse o especialista.

“Avaliar os riscos e benefícios de uma droga deve ser sempre fundamental para preservação da saúde”, avalia a farmacêutica Carolina Marlien. Segundo a especialista, a suspensão do desenvolvimento do Viagra feminino traz à tona não somente a questão dos efeitos indesejáveis que provocou, mas a complexidade que pode representar a função sexual feminina. “Faz-nos refletir se a falta de libido feminino é simplesmente tratável com um medicamento ou se o problema é mais complexo do que se parece, sendo necessário se atentar a todo o contexto de afetividade que a maioria das mulheres julga ser importante durante uma relação sexual”, conclui a farmacêutica.