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Sidrolandia

Lula nunca se preocupou com delação de Cerveró, dizem testemunhas de defesa

Deputados Wadih Damous, José Mentor e Jandira Feghali prestaram depoimento nesta quarta em ação na qual ex-presidente é réu por suposta tentativa de obstrução da Justiça

G1

15 de Fevereiro de 2017 - 13:31

Em depoimento à Justiça Federal, em Brasília, os deputados Wadih Damous (PT-RJ), José Mentor (PT-SP) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmaram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca demonstrou preocupação com a delação do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró.

Os três deputados foram ouvidos como testemunhas de defesa de Lula em ação penal que investiga uma suposta tentativa de obstrução da Justiça. De acordo com a denúncia, já aceita pela 10ª Vara Federal de Brasilia, o petista e outras seis pessoas tentaram comprar o silêncio de Cerveró.

Além do ex-presidente, são réus no processo o senador cassado Delcídio do Amaral, o ex-chefe de gabinete de Delcídio Diogo Ferreira, o banqueiro André Esteves, o advogado Édson Ribeiro, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai.

Nos depoimentos da defesa de Lula, os parlamentares afirmaram que participaram de reuniões com o ex-presidente nos últimos anos e que ele nunca se demonstrou preocupaado com delações.

Wadih Damous, por exemplo, disse que Lula recebia as notícias "com um sentimento de indignação, se sentindo injustiçado".

A ação

Lula, Delcídio e os outros cinco investigados foram denunciados por tentarem obstruir a Justiça comprando o silêncio do ex-diretor da Petrobras, um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na estatal.

Delcídio foi preso em novembro de 2015, após ter sido gravado pelo filho de Nestor Cerveró prometendo à família do ex-diretor da área internacional da Petrobras que iria conversar com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar libertá-lo.

À época, Cerveró estava preso preventivamente em Curitiba, acusado de participar do esquema criminoso que desviou dinheiro da Petrobras, e Delcídio era líder do governo Dilma Rousseff no Senado.

Após fechar o acordo de delação premiada com o Ministério Público, Cerveró passou a cumprir pena em prisão domiciliar.

Em um dos trechos do áudio gravado pelo filho de Cerveró, o ex-senador sugere um plano de fuga, pelo qual o ex-dirigente da estatal iria para a Espanha passando pelo Paraguai.

Na gravação, Delcídio também prometeu ajuda financeira de R$ 50 mil mensais para a família de Cerveró e honorários de R$ 4 milhões para o advogado Édson Ribeiro, que, até então, comandava a defesa do ex-diretor da Petrobras na Lava Jato.

Em contrapartida, apontam as investigações, Cerveró silenciaria em sua delação premiada em relação ao então líder do governo, a Lula, Bumlai, André Esteves e aos demais acusados.

Em maio, quando incluiu Lula, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai na denúncia que já havia sido apresentada ao STF contra Delcídio, André Esteves, Diogo Ferreira e Édson Ribeiro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que o ex-presidente manteve controle sobre as decisões do esquema operado na Petrobras. Conforme o chefe do Ministério Público, Lula também tentou influenciar o andamento da Lava Jato.

Depois que Delcídio perdeu o mandato de senador, a denúncia foi remetida pelo STF à 10ª Vara Federal de Brasília, já que não envolvia ninguém com foro privilegiado.

Os sete foram denunciados por três crimes: embaraço à investigação de organização criminosa, que prevê pena de 3 a 8 anos de prisão; patrocínio infiel (quando advogado não defende corretamente interesses do cliente – os outros réus foram considerados coautores de Édson Ribeiro neste crime), que prevê pena de 6 meses a 3 anos; e exploração de prestígio, cuja pena prevista é de 1 a 5 anos.