Sidrolandia
Marinha emitiu alerta antes de vendaval e suspeita é de que barco-hotel tenha ignorado sinal
Ao todo, 27 pessoas estavam a bordo, sendo 16 brasileiros e 11 paraguaios. Treze estão desaparecidos e um turista foi encontrado morto
Correio do Estado
25 de Setembro de 2014 - 14:14
O comandante da Agência Naval de Porto Murtinho, capitão-tenente da Marinha, Alexandre Brandão, disse que pouco antes do vendaval, que chegou a 92 km/h, foi emitido um sinal de alerta para os comandantes das embarcações que estavam no Rio Paraguai. Autoridades não descartam a possibilidade de o barco-hotel, que naufragou nesta quarta-feira (24), ter ignorado o alerta.
Ao todo, 27 pessoas estavam a bordo, sendo 16 brasileiros e 11 paraguaios. Treze estão desaparecidos e um turista foi encontrado morto.
Normalmente, conforme o comandante, quando esse sinal é emitido, as embarcações atracam na margem até o vendaval passar. Diante disso, há suspeita de que o barco-hotel que naufragou tenha ignorado o alerta porque no momento em em que afundou, ainda estava a 30 metros do local onde atracaria.
Conforme o capitão-tenente Brandão, havia previsão de chuva durante o dia, mas ninguém tinha noção da intensidade do temporal. Somente quando notaram que tinha uma ventania é que emitiram um comunicado de alerta para as embarcações.
Sem
coletes
O barco-hotel estava no Rio Paraguai desde o dia 19 de setembro e a previsão é
de que retornaria no dia 25, mas os tripulantes, que pescaram neste período,
resolveram antecipar a volta.
O delegado da Polícia Civil que acompanha o trabalho de busca, Rodrigo Nunes Zanotta, explicou que segundo os sobreviventes, no momento do naufrágio muitos passageiros estavam nos quartos arrumando as malas. A suspeita é de que eles tenham ficado enroscado no momento em que o barco começou a afundar.
Outra informação repassada pelas autoridades é a de que no barco tinha colete, mas ninguém estava usando. A norma da Marinha Brasileira é de que, quando a embarcação é brasileira, os tripulantes têm que usar o coleto enquanto o barco estiver no rio, porém, a embarcação que afundou é paraguaia e a investigação será feita pelo país vizinho, com apoio da Marinha Brasileira.
Buscas
Um grupo da Marinha está em frente a Colônia Peralta, no Paraguai, onde
mergulha em busca da embarcação e de pessoas que ainda estão desaparecidas. A
informação de que a embarcação estaria a 17 metros de profundidade.
O trabalho exige paciência porque quando o bombeiro entra no rio ele tem 30 minutos para fazer as buscas porque esse é o tempo que o equipamento sustenta do oxigênio do mergulhador. A Marinha também utiliza um aparelho chamado Sonar para tentar detectar a localização do barco.
Vítimas
O comandante do Corpo de Bombeiros, major Alexandre Trindade, explicou que
enquanto não houver corpo não há como dizer que há tripulante morto, no
entanto, pelo que foi apurado até o momento, a chance de ter algum desaparecido
vivo é mínima.
Os passageiros teriam que nadar cerca de 400 metros para sair do local onde o barco afundou e chegar até a margem. Conforme os sobreviventes, todos os turistas salvos foram regatados por embarcações menores que viram o acidente. Outra suspeita é a de que Sidinei Romano, encontrado morto, tenha tentado nadar até a margem.
Comoção
Parentes das vítimas, paraguaias e brasileiras, estão nas margens do rio
aguardando o resultado dos resgates. Em um dos casos, três pessoas da mesma
família estão desaparecidas.
Apesar da expectativa, o trabalho pode demorar dias, segundo o Corpo de Bombeiros e a Marinha. Ainda de acordo com as autoridades, a primeira coisa que os mergulhadores precisam fazer é retirar a embarcação do local porque podem ter corpos presos no barco.
O pescador Nei Nunes, de 53 anos, contou que esteve com o grupo minutos antes do acidente. Ele relatou que passou próximo ao barco-hotel e percebeu que todos os tripulantes estavam felizes e cantando.
Nei conversou com Sidinei e disse que ele era um dos turistas que demonstrava mais felicidade. Ainda conforme o pescador, a margem do rio, de um lado ao outro, mede em torno de mil metros e, mesmo que a pessoa seja uma boa nadadora, a travessia exige muito preparo. Se não fossem os barcos para salvar as pessoas todos estariam mortos, concluiu.