Sidrolandia
Maternidade adiada é fonte de angústia e sofrimento para mulheres
O sofrimento vivenciado por aquelas que não conseguiram ser mães vem da decepção e do sentimento de fracasso.
Dourados Agora
18 de Outubro de 2012 - 08:22
Segundo pesquisadora, apesar de avanços na área da inseminação artificial, ainda não é simples a tarefa de ter um filho.
Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) verificou que o adiamento da maternidade pode ser fonte de diversas angústias para as mulheres, visto que elas não têm total controle de quando conseguirão se tornar mães.
A constatação faz parte do estudo da psicóloga Maria Galrão Rios Lima. Segundo ela, apesar de avanços médicos e científicos na área da inseminação artificial, por exemplo, ainda não é simples a tarefa de ter um filho.
" O controle nunca é total" , ressalta. Além disso, os procedimentos que a medicina oferece, normalmente, são muito invasivos.
O trabalho intitulado "Um estudo sobre o adiamento da maternidade em mulheres contemporâneas" entrevistou oito mulheres que, por opção própria, decidiram ter filhos apenas após os 35 anos.
Entre as entrevistadas, metade obteve sucesso e outra metade ainda está no processo de tentativas.
O sofrimento vivenciado por aquelas que não conseguiram ser mães vem da decepção e do sentimento de fracasso.
Maria acredita que o principal aspecto de sua pesquisa é a tentativa de quebrar a ideia de onipotência nesse caso. " Não dá para ter filhos a qualquer momento" .
Ela diz, ainda, que o adiamento da maternidade não é uma patologia, um problema a ser tratado. Porém, ele carrega um potencial de sofrimento para a mulher.
Durante o levantamento para a pesquisa, foram mais relatadas as procuras por uma vida conjugal ideal e pela estabilidade financeira.
A psicóloga explica que muitas daquelas que ainda não conseguiram se tornar mães mostram ressentimentos em relação ao adiamento.
A sensação de impotência nessa situação se contrapõe, segundo a psicóloga, a " uma idealização de que a mulher, nos dias atuais, pode e deve conseguir fazer tudo: ter uma carreira, um bom casamento, viajar, comprar carro e apartamento e depois ter um filho" .
Em geral, os maridos das mulheres ouvidas na pesquisa são divorciados e mais velhos.
Eles abraçam a ideia de adiar a maternidade e " curtir a vida" . Porém, em dois dos casos, foi por pressão do homem que a mulher, antes sem interesse de ser mãe, decidiu ter filhos. (Com informações da USP / Isaude.net)