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Sidrolandia

Moro é alvo de protestos em universidade de Nova York; manifestantes são vaiados

Juiz federal responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância fez palestra na Universidade Columbia. Durante a fala, ele contestou tese de que Lava Jato criminaliza a política.

G1

06 de Fevereiro de 2017 - 16:27

O Juiz Sérgio Moro, responsável pela maior parte dos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, foi alvo de um protesto nesta segunda-feira (6) antes de fazer uma palestra na Universidade Columbia, em Nova York.

Ao se preparar para iniciar a fala, Moro recebeu aplausos do público. Depois que a plateia silenciou, à espera do início da palestra, manifestantes estenderam uma faixa e gritaram palavras de ordem contra o juiz.

Em seguida, o público passou a vaiar os manifestantes – seis deles foram retirados do recinto. Alguns manifestantes com cartazes contra Moro permaneceram, mas em silêncio.

Na palestra, Moro contestou a tese de que a Operação Lava Jato é uma forma de criminalizar a política.

"Ninguém está sendo processado ou condenado com base em suas opiniões políticas. São casos envolvendo propinas. Então, não é similar ao macarthismo, é complemente diferente", disse, ao responder a uma das perguntas da plateia.

Em sua fala, ele ponderou que, como o caso envolve propina a políticos, "inevitavelmente" haverá consequências políticas. "Mas isso acontece fora do tribunal e o juiz não tem controle sobre isso", ressalvou Moro.

"Alguns políticos também dizem que a Operação Lava Jato representa a criminalização da política. Mas para sermos honestos, a culpa não pode ser apontada para o processo judicial, mas para os políticos que cometeram os crimes. O processo judicial é somente uma consequência. O Judiciário não pode ficar cego diante desses crimes", completou em seguida.

Moro também disse que os juízes estão "apenas fazendo seu trabalho", "processando os casos baseados em provas" e que as ações estão sendo conduzidas conforme o "devido processo legal", com respeito aos direitos da defesa.

Relatoria no STF

Durante o debate, Moro também elogiou o ministro Luiz Edson Fachin, novo relator da Lava Jato no STF, como um “grande jurista”. “Ele tomou importante decisões, que mostraram que age como um ministro independente”, disse o juiz federal.

Sobre a morte de Teori Zavascki, afirmou que foi um “trágico revés” para a Lava Jato. “Isso foi muito triste, não apenas por causa da tragédia por uma vida humana, mas porque ele era um juiz muito hábil e teve atos de grande independência em suas decisões”, disse.

Instabilidade e economia

Questionado sobre a instabilidade política causada pela operação e seus reflexos na economia do país, Moro disse que a longo prazo os resultados serão benéficos.

“A economia é importante e eu penso que provavelmente a maioria das pessoas concordam que no longo prazo, Brasil vai se tornar um país mais competitivo no mercado. Os custos dos contratos públicos vão ser reduzidos. Essa luta contra a corrupção vai atrair investidores”, afirmou, admitindo a instabilidade no curto prazo.

“Se nós não fizermos nosso trabalho, a coisa certa sobre esses crimes – claro, quando há provas sustentando as acusações – nós vamos perder confiança no estado de direito, na democracia e isso seria danoso para o Brasil”, finalizou.