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Sidrolandia

MS é destaque no atendimento à mulher vítima de violência

Do total de 388.953 ligações efetuadas para o Ligue 180, no período de janeiro a junho deste ano, Campo Grande foi a capital que mais acessou o serviço

Governo do Estado de Mato Grosso do Sul

21 de Novembro de 2012 - 10:00

A abertura da Campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, no auditório da Governadoria, reuniu ontem (20) entidades que compõem a rede de enfrentamento e que trabalham para amparar e dar orientação necessária à mulher vítima de violência.

Este esforço conjunto e a implantação da Lei Maria da Penha têm garantido não só na Capital, mas em todo o Estado, um atendimento de qualidade e desta forma, contribuído para que mais mulheres possam denunciar seus agressores.

Por meio da Subsecretaria da Mulher e da Promoção da Cidadania, a rede de enfrentamento é composta por delegacias especializadas (Deam) e centros de referência de atendimento à mulher na Capital e interior, além de contar com inúmeros parceiros.

A Deam de Campo Grande, por exemplo, atende por dia cerca de 70 mulheres vítimas de agressão.

Conforme a titular da delegacia, Rosely Aparecida Molina, o mês de outubro fechou com quase cinco mil ocorrências em Campo Grande.

“E no Estado foram cerca de 10 mil ocorrências. Isso significa que as mulheres estão confiando em todo o trabalho que está sendo realizado. Essa divulgação deste trabalho é a grande responsável por isso”, justificou.

De acordo com Rosely Molina, a mulher pode contar com uma delegacia pronta para recepcionar estas mulheres e dar um atendimento para orientá-las.

“Lá temos um ambiente acolhedor com pessoas especializadas.

Antes a preocupação era como a mulher ia ser recebida e elas achavam que a policia era de difícil acesso.

Hoje temos um aparato estatal pronto para isso onde ela [mulher] sabe que o primeiro passo é procurar ajuda e buscar os seus direitos”, comentou.

Na Deam o perfil da mulher vítima de violência é diversificado, sem diferença de raças ou escolaridade e de várias faixas etárias.

A delegada informa ainda que com o advento da Lei Maria da Penha e do fortalecimento da rede de enfrentamento, a mulher está mais disposta a denunciar o agressor.

“Eu acredito no encorajamento da mulher não para o aumento da violência, mas da procura. A gente vê que depois da Lei Maria da Penha as mulheres estão cientes dos seus direitos e têm nos procurado ainda mais”, disse.

Com a Lei Maria da Penha, as mulheres passaram a denunciar mais a violência doméstica.

Do total de 388.953 ligações efetuadas para o Ligue 180, no período de janeiro a junho deste ano, Campo Grande foi a capital que mais acessou o serviço. A Deam está localizada na rua 7 de setembro, 2421.

Acolhimento

Encaminhadas pelas Deams, Cras, Creas, postos de saúde ou outros órgãos, as mulheres têm no Centro de Atendimento Cuña Mbarete - que significa mulher forte, na região central de Campo Grande, por exemplo, o acolhimento e o amparo que precisam.

A coordenadora, Ariza Catarina de Albuquerque explica que somente o Centro atende pelo menos 20 mulheres por dia.

“Ela [mulher] tem o suporte psicossocial com assistentes sociais e psicólogas. É feito todo o estudo de caso dela com a psicoterapia onde esta mulher vai ser tratada”, informa.

A equipe entra em contato com os familiares e quando a mulher não tem para onde ir ou não quer voltar para casa, ela é amparada na Casa Abrigo.

Este local fechado funciona 24 horas e conta também com uma equipe especializada para prestar todo o atendimento psicossocial.

“A gente vai levar esta mulher ao médico e temos psicólogo e assistente social. Temos também pedagogas para ajudar os filhos desta mulher que vão continuar estudando”, comenta.

Esta iniciativa do governo do Estado para o enfrentamento à violência contra a mulher é para a coordenadora do Centro e da Casa Abrigo um grande suporte.

“No momento que a mulher acordou para a vida e pode mudar sua história, o governo neste sentido é parceiro”. É um trabalho lindo que valoriza a mulher.

“Lembro que minha mãe foi vitima de violência, mas ela não teve um centro de atendimento ou uma casa abrigo que pudessem acolhê-la na época, senão teríamos uma vida melhor”, recordou.

Centro de Atendimento Cuña Mbarete funciona das 7h30 às 17h30 e está localizado na rua 7 de setembro, 1628. Mais informações pelos telefones 3361-7519 e 6191.

A desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, juíza Maria Isabel de Matos Rocha, ressaltou a importância do fortalecimento da rede de enfrentamento para amparar as mulheres vítimas de agressão.

“Se não houver essa rede não adianta uma atuação isolada quando não é reforçada por outro elo. O Estado está bem posicionado à medida que tem uma infraestrutura, então isso ajuda a ter um atendimento às vitimas dando um suporte para que tenham estrutura e se ver livres da situação de violência”, salientou.

Conforme a desembargadora, o Tribunal de Justiça criou há pouco tempo, por conta do grande volume de trabalho, a 2ª Vara de Violência Doméstica que faz a aplicação da Lei Maria da Penha.

Maria Isabel também explica que a própria aplicação da Lei vem melhorando já que no início havia questionamentos sobre a constitucionalidade dela.

“Quando vem uma lei nova e radical todos querem apontar as criticas e isso é saudável. Depois vem a calmaria onde a sociedade já vai aceitando como uma coisa boa que vem para ficar”, explica.

De acordo com Maria Isabel, com muitos casos de violência doméstica os juízes estão olhando a questão com muita cautela e aplicando as medidas de proteção, como, por exemplo, o afastamento do lar e posicionando que é um crime sério podendo aumentar com o tempo de convivência.

“A mulher fica alerta com as pequenas ofensas e que isso pode evoluir. Antes elas não denunciavam e hoje se sentem mais amparadas pela Lei”, finaliza.

Os serviços especializados no atendimento às mulheres estão na Capital e no interior.

Mais informações na Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher pelos telefones 3318-1003/1101 ou no endereço eletrônico – [email protected].