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Sidrolandia

Nipônico enfrenta temporal e libera bueiro entupido de lixo

O palco do flagrante registrado pela reportagem por volta das 21horas aconteceu em frente à Lanchonete do Galvão

Waldemar Gonçalves - Russo

25 de Janeiro de 2011 - 16:00

Nipônico enfrenta temporal e libera bueiro entupido de lixo
Nip - Foto: Waldemar Gon
Na noite chuvosa desta segunda-feira em Dourados, um cidadão de 71 anos, de origem nipônica, deu uma lição de cidadania, ao deixar o abrigo de uma varanda de uma lanchonete onde estava na companhia de alguns amigos, para ir desobstruir a boca de um bueiro, que estava literalmente trancada por lixos jogados na via por moradores daquela região da cidade.

O palco do flagrante registrado pela reportagem por volta das 21horas aconteceu em frente à Lanchonete do Galvão, que fica localizada à rua Mato Grosso, no Jardim Santo André e a menos de cinco minutos, à pé, da área central da cidade.

Na varanda do estabelecimento no aguardo da chuva parar para irem embora para suas casas, estava cinco pessoas, entre elas, Toshiaki Uhehara, mais conhecido no bairro por “Paulo”, observando a forte enxurrada que descia a via pública arrastando tudo que encontrava pela sua frente.

Em dado momento, “Paulo” junto com os demais presentes percebeu que mesmo com a velocidade da enxurrada, a entrada de acesso ao bueiro que fica localizado em frente à lanchonete estava sendo obstruída por lixos domésticos, como garrafas pets; caixas de sabão em pó; pote vazio de margarina, latas de comestíveis; papelões, sacolinhas de supermercados, entre outros detritos, que impediam o escoamento da água para a tubulação da galeria pluvial.

Prisão e multa salgada

Inconformado pelo que estava presenciando, “Paulo” imediatamente saiu da varanda onde se encontrava protegido junto com os demais da chuva e se dirigiu até ao bueiro, e em cerca de três a cinco minutos, com o apoio de um pedaço de cabo de vassouras, que também estava entre os detritos, fez a desobstrução do bueiro.

Em contato com a reportagem, “Paulo” conta que morou no Japão, na cidade de Tomida, no Estado de Mie Ken por cerca de 15 anos e lá pode ver como o meio ambiente e principalmente o trato da saúde pública é respeitado pela população. “Lá se você for flagrado jogando uma bituca de cigarro na calçada ou na via pública vai preso e só deixa a cela se pagar uma salgada fiança”, disse “Paulo” indignado com o que presenciou na noite chuvosa desta segunda-feira.

“Paulo” assim como seu amigo “Nelson”, que também morou em Nagoya, no Japão por mais de 10 anos, cita que em um raio de 100 metros próximo ao aeroporto daquela cidade, é proibido fumar, e caso de alguém ser flagrado desrespeitando a Lei, ele também é preso e somente liberado após pagar uma fiança. “Lá o respeito com o cidadão é muito grande.

Lá a gente não vê este tipo de descaso que estamos presenciando aqui neste momento. Isso que estamos vendo aqui é um absurdo e pode inclusive provocar uma tragédia, pois a água impedida de entrar na galeria pode entrar em uma casa e até mesmo devido à sua velocidade, arrastar uma pessoa, principalmente mulher e criança”, disse “Paulo” lembrando que a população deveria ter uma maior conscientização e manter seus lixos separados e devidamente embalados para que sejam levados pelos caminhões que recolhem os materiais em desusos por ela. “Imagine só se 50 por cento da população brasileira tivessem uma conscientização igual aos japoneses.

Não precisa 100 por cento não, só 50 e este país com certeza seria digno de limpeza nas vias públicas, isso sem contar que o lixo brasileiro é muito rico”, disse “Paulo” momentos após desobstruir a boca de lobo como é chamada a tampa feita em forma de grades de ferro, usada para fechar a caixa de recebimento da água das chuvas e também das casas existentes na cidade.