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Sidrolandia

No Capão Bonito, assentado é o maior produtor de melancia e abóbora da região

Como a melancia tem ciclo de produção de 70 a 80 dias, o plantio é feito de forma gradativa para regular a oferta e evitar derrubar o preço com uma superprodução.

Flávio Paes/Região News

09 de Setembro de 2013 - 13:31

Foto: Flávio Paes/Região News

No Capão Bonito, assentado é o maior produtor de melancia e abóbora da região

Mãos calejadas, sotaque caipira mineiro, jeito tímido e acanhado. Pela aparência, quem o vir na rua dificilmente identificará neste cidadão de nome Joelino Teixeira, um bem-sucedido produtor rural, que em 10 anos transformou-se no maior produtor de melancia de Sidrolândia, sócio de um grande atacadista do Ceasa de Campo Grande, que no período da safra chega a ter 10 funcionários.

Dono de um lote de 18 hectares no Assentamento Capão Bonito II, que comprou os “direitos” de posse em 2003, hoje cultiva uma área de 180 hectares, ocupando lotes vizinhos que de outra forma estariam improdutivos, em troca do compromisso de devolver as áreas em dois anos com pastagens formadas.  Além da melancia se dedica a plantação de abobrinha da variedade cobotiã, a mais valorizada no mercado.

Esta uma década de trabalho duro transformou a vida de Joelino e da mulher com quem veio de Ivinhema, onde era arrendatário e se dedicava ao cultivo de mandioca. Venceu dificuldades mesmo não tendo o “guarda-chuva” protetor do paternalismo público do INCRA, nem acesso ao crédito do Pronaf porque não é dono originário do lote que adquiriu de quem recebeu a parcela quando o assentamento foi criado.  “Espero receber a titulação da área, nem que seja preciso pagar por isto”, afirma. 

A casa modesta que encontrou no sítio deu lugar a uma ampla e confortável residência, rodeada de uma ampla varanda, onde estacionam os dois veículos da família. A caminhonete Hilux (que custa mais de R$ 100 mil) e o utilitário Fiat Strada. Nos fundos da casa o galpão de pré-moldado abriga um trator e uma calcalhadeira.

Além de muito trabalho, o segredo do sucesso é o investimento em tecnologia, além de muita persistência. “Nunca tinha plantado melancia. Consultei técnicos e acabei aprendendo os segredos”, informa.  A receita inclui a correção do solo com calcário, adubação e principalmente um sistema de irrigação. O resultado é um investimento médio de R$ 8 mil por hectare, bem mais caro, por exemplo, que os R$ 1.400,00 no custeio do milho.

O resultado é que Joselino tem conseguindo frutos com um peso médio de 18 quilos, mas já obteve melancias com 33 quilos, que a R$ 0,20 o quilo, podem render entre R$ 3,60 e R$ 6,60. A semana passada já tinha sido plantados 27 mil pés (2.700 por hectare) numa área de 10 hectares onde a colheita deve começar em outubro, exatamente a entressafra da produção de Tocantins, que hoje abastece o mercado de Mato Grosso do Sul. A geada de julho atrapalhou o desenvolvimento da lavoura, mas não ao ponto de comprometer a produção.

Como a melancia tem ciclo de produção de 70 a 80 dias, o plantio é feito de forma gradativa para regular a oferta e evitar derrubar o preço com uma superprodução. A previsão é de que nesta safra a cultura ocupe 56 hectares.