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Sidrolandia

OMS alertou em janeiro para risco de morte com xarope que afetou 27

Dos três casos que precisaram de internação, apenas uma criança de sete meses continua no hospital de Dourados, porém já deixou a UTI e se encontra na área de pediatria.

Campo Grande News

01 de Outubro de 2013 - 16:10

O princípio ativo Dextrometorfano, encontrado no xarope Mentovick, que intoxicou pelo menos 27 crianças na fronteira de Mato Grosso do Sul (11) com o Paraguai (16), foi responsável pela morte de aproximadamente 60 pessoas no Paquistão em 2012.

Por causa do incidente, a OMS (Organização Mundial da Saúde) chegou a emitir nota oficial, em janeiro deste ano, alertando para o risco de morte ao ingerir antigripais com esse princípio ativo. Outros óbitos são investigados em Cuba e República Dominicana.

De acordo com o Alerta 126, de janeiro deste ano, um número grande de paquistaneses apresentou reações adversas depois do consumo do medicamento de nome Tyno, que possui Dextrometorfano em sua composição. Em 23 de novembro do ano passado, 20 pessoas morreram após ingerir o medicamento. Em um segundo acidente, nos dias 26 e 27 de dezembro de 2012, outras 40 paquistaneses foram a óbito no Norte daquele país, também por causa do consumo do princípio ativo.

A nota da OMS alerta para o uso da matéria prima Dextrometorfano, proveniente da Índia, em medicamentos de todo o planeta e ainda pede para países importadores das amostras, como o Paraguai, testarem os medicamentos antes de indicá-los ao uso de pacientes.

Segundo o gerente de medicamentos e produtos da Vigilância Sanitária de Mato Grosso do Sul, Adam Adami, o alerta emitido pela OMS informa pacientes adultos foram a óbito no Paquistão por causa de intoxicação grave. “Os pacientes morreram após consumirem medicamentos para resfriados e tosse com Dextrometorfano, o mesmo insumo farmacêutico encontrado no xarope Mentovick”, revelou.

Já o secretário municipal de Saúde de Ponta Porã, Eduardo dos Santos Rodrigues, lembrou que casos de intoxicação por Dextrometorfano também são investigados na República Dominicana e em Cuba.

Casos no Brasil – Por causa de registros de reações adversas ao xarope infantil Mentovick no Paraguai e na região de fronteira de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, em Mato Grosso do Sul, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu alerta na sexta-feira (27) para o risco de consumo do medicamento.

O xarope é fabricado no Paraguai, pela Indústria Indufar, e não tem registro no Brasil. No país vizinho, ele é encontrado com nomes comerciais Mentovick, Tegnogrip Plus Núcleo, Tegnogrip, Medibron Xarope, Bronolex e Bronolar Xarope.

Segundo alerta sanitário da Vigilância Sanitária, casos de intoxicação em crianças foram registrados em Dourados e Ponta Porã. Na primeira cidade, cinco crianças, sendo duas procedentes de Ponta Porã, foram internadas na UTI do Hospital Universitário em estado grave com insuficiência respiratória aguda, cianose (lábios arroxeados) e sonolência. Outras duas crianças chegaram a óbito.

Já em Ponta Porã, são três os casos envolvendo crianças que consumiram medicamento Mentovick a base de Dextrometorfano. As vítimas apresentaram quadro de insuficiência respiratória, dispnéia e cianose. Os casos são investigados pela vigilância epidemiológica, sendo que duas crianças foram transferidas em estado grave para Dourados.

O secretário de Saúde de Ponta Porã descartou a intoxicação por Dextrometorfano como a causa dos dois óbitos. Segundo Eduardo, as mães das duas crianças que morreram afirmaram que os filhos não ingeriram o xarope. Ele afirmou que a primeira criança faleceu de broncopneumonia e a segunda de infecção generalizada.

Dos três casos que precisaram de internação, apenas uma criança de sete meses continua no hospital de Dourados, porém já deixou a UTI e se encontra na área de pediatria.

Paraguai – o Ministério da Saúde e Bem Social do Paraguai emitiu nota, na quinta-feira (26), alertando para o uso de medicamento com princípio ativo de Bromidrato de Dextrometorfano (Xarope Mentovick), que estaria provocando fortes efeitos colaterais em crianças.

O alerta foi feito em rede nacional e focou a região de fronteira de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, onde muitas crianças estariam utilizando este tipo de medicamento e que teriam provocado fortes reações e até a morte de um menino.

Conforme a nota, os medicamentos com esse princípio estão proibidos de serem comercializados em todo o Paraguai. A Autoridade Sanitária Paraguaia também determinou a proibição da fabricação, comercialização, distribuição, dispensação, prescrição e uso do princípio ativo.

Conscientização – Depois do surto de intoxicação, o órgão sanitário do Brasil recomenda à população que não utilize medicamentos fabricados no Paraguai, visto que estes produtos não possuem registro Anvisa e que não oferecem segurança e eficácia reconhecidos ou comprovados.

Para o presidente da Sociedade de Pediatria de Mato Grosso do Sul, Alberto Cubel Brull Junior, a população também deve se atentar a automedicação. “É um risco utilizar medicamento sem fiscalização e orientação dos médicos”, esclarece.

Sobre o consumo de medicamentos de origem estrangeira, Cubel diz que o fato que ocorreu na fronteira “é um alerta de que não se deve utilizar remédios sem saber a procedência, pois é uma medicação que não tem controle, não é legalizada e oferece riscos”.