Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Terça, 23 de Abril de 2024

Sidrolandia

Pressionada, diretoria da UES reabre cadastramento e lança edital para eleição

Durante toda assembleia, sobraram reclamações contra a postura adotadas por dirigentes da UES.

Flávio Paes/Região News

24 de Fevereiro de 2014 - 00:10

O que era para ter sido uma assembléia para aprovação dos estatutos, informações sobre os itinerários e horários dos ônibus, bem como o anúncio do valor mensalidade, se transformou num fórum para os aproximadamente 300 estudantes presentes exporem reclamações contra a diretoria da União dos Estudantes de Sidrolândia, criada há menos de dois meses para gerenciar o transporte dos universitários.

Diante das críticas e sob risco das discussões descambarem para o radicalismo, a presidente da UES, Leticia Martinelli, que cumpriria mandato até dezembro de 2015, reagiu anunciando o lançamento do edital para eleição de uma nova diretoria no dia 02 de março, em pleno domingo de carnaval.

Será um processo relâmpago, com menos de uma semana para montagem e inscrição das chapas, campanha e organização do pleito. Também foi confirmada que a partir desta segunda-feira será reaberto o cadastramento dos acadêmicos que não se associaram na primeira etapa de inscrição, realizada na última semana de janeiro.

Durante toda assembleia não houve nenhuma manifestação pela queda da diretoria e realização destas eleições, mas sobraram reclamações contra a postura de alguns dirigentes da UES que vem agindo como se fossem donos da entidade que embora  seja privada contará com subvenção da Prefeitura (inicialmente de R$ 77 mil por mês) para gerenciar o transporte dos estudantes.

O vereador Waldemar Acosta, que também é usuário do transporte porque é universitário, alertou para o prejuízo de se convocar eleições quando ainda não foi assinado o convênio com a prefeitura para o repasse dos R$ 77 mil mensais prometidos pelo Executivo.

“Agora não há como a Prefeitura enviar ainda nesta semana à Câmara, um projeto de autorização para subvencionar uma entidade que ainda vai eleger sua diretoria”, ponderou. O estudante do 7º semestre de educação física na UCDB, Renan Domingos dos Santos, entende que a atual diretoria deve ser mantida, porque já cumpriu com 80% da sua missão.

“É preciso reconhecer que se não fosse à iniciativa destas pessoas provavelmente não teríamos transporte. Ao invés de se fazer eleição, bastaria promover alguns ajustes, levando em consideração as reclamações sobre alguns excessos que podem ter sido praticados”, argumenta.

Outro questionamento apresentado foi sobre a destinação ao dinheiro arrecadado com a cobrança da taxa de inscrição. Os estudantes pediram a prestação de contas de estimados R$ 17.500,00 arrecadados com a cobrança de R$ 25,00 de aproximadamente 700 estudantes.

Até agora, nem a carteira definitiva foi entregue, embora houvesse a promessa de que estaria pronta até o dia 10 de fevereiro. O maior alvo das queixas foi o tesoureiro, Renan Cervo, que se envolveu num episódio onde esbanjou truculência e autoritarismo. Segundo a estudante de fisioterapia da UCDB, Jeniffer da Motta, 20 anos, no último dia 05, Renan a impediu de embarcar no ônibus que sai da praça central às 5h10 da manhã, embora já tivesse se cadastrado e pago a inscrição de R$ 25,00.

http://i.imgur.com/uWpLafB.jpg

Jeniffer fez seu cadastramento na UES no dia 03 de fevereiro e foi orientada a comparecer no dia seguinte para retirar a carteirinha provisória, até às 15 horas, quando encerrava o atendimento aos estudantes. Para seu azar, no dia 04, o ônibus que a trouxe de volta da capital, ao invés de chegar a Sidrolândia às 12h40, atrasou duas horas porque um dos pneus furou e o veículo ficou parado no trecho até o remendo ficar pronto.

Com isto, quando desembarcou na sede provisória da União dos Estudantes (na antiga sede do Departamento Municipal de Trânsito) já estava fechada. No dia seguinte, quarta-feira dia 05, ela foi barrada por Renan que não aceitou suas explicações, mesmo a estudante tendo em mãos o comprovante do pagamento de adesão à instituição.

A assembleia deste domingo da UES não respondeu a principal dúvida dos estudantes: quanto terão de pagar pelo transporte ?. Pelos cálculos de Letícia Martinelli, o custo por aluno será de R$ 320,00 por mês, na base de R$ 6,60 o quilômetro rodado. Como há uma estimativa de mais 200 estudantes se cadastraram, ao invés de 16 ônibus previstos inicialmente, será necessário o fretamento de 20 ônibus, elevando o custo a R$ 300 mil por mês.

Se houver 900 estudantes, descontando os R$ 77 mil da ajuda municipal, os alunos terão de ratear  R$ 223 mil, gerando uma mensalidade de aproximadamente R$ 247,00. Este preço pode baixar porque há uma discussão para que a prefeitura assuma o compromisso de pagar o transporte de indígenas e assentados, contingente que lota três ônibus.

http://i.imgur.com/wufOTGH.jpgAlguns estudantes preferiram buscar alternativas para não depender mais do transporte. Alugaram casa e vão ficar morando em Campo Grande. É o caso de Sérgio Vargas, aluno do 7º semestre de Direito na UCDB, que cumpre uma rotina dura: acorda às 4h30 da manhã, embarca no ônibus às 5h10 e chega na faculdade às 6h50 e está de volta a Sidrolândia por volta das 13 horas.

“Com o transporte gratuito ou pagando no máximo R$ 150,00, valia a pena o sacrifício de manter este esquema de horário”, argumenta. Tendo de pagar mais de R$ 200,00 só de ônibus, preferiu alugar por R$ 1.200,00, junto com outros três amigos uma casa no Bairro São Francisco, que fica a 2 quilômetros da faculdade.  

“Vou pagar R$ 300,00 de aluguel e a tarde terei condições de fazer um estágio de advocacia, ganhando pelo menos um salário mínimo, valor suficiente para atender minha despesa com moradia, luz e água”, argumenta.