Sidrolandia
PSDB de Serra já negocia apoio do PV de Marina
Lula comandará campanha de Dilma no 2º turno
Extra On Line
04 de Outubro de 2010 - 13:00
De olho nos 19,5 milhões de votos dados à presidenciável do PV, Marina Silva, que levou a eleição para o segundo turno , o PSDB já trabalha para ter o apoio da candidata verde para a próxima etapa. Marina mandou recados para a direção de seu partido, próxima do PSDB e inclinada a manifestar apoio imediato a José Serra, de que decidirá a partir das propostas de governo e propôs uma plenária no partido.
A votação expressiva de Marina e os números de Dilma Rousseff, abaixo do que apontavam as pesquisas, foram recebidos com surpresa tanto no Palácio do Planalto como no PSDB. Nos dois lados, duas certezas: será necessário fazer ajustes significativos nas campanhas. Marina tirou votos de Dilma, e a ordem tanto no PSDB quanto no PT agora é tentar atrair esse eleitorado. Segundo pesquisas, Serra seria beneficiado por 50% dos votos de Marina; Dilma herdaria 30%. (Leia também: Marina 'perde ganhando', como queria)
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a eleição presidencial do primeiro turno, votos brancos somaram 3,13%, e nulos, 5,51%. O percentual de abstenção foi de 18,12%.
O PT sabe que ainda há muita mágoa com Dilma e o partido desde a época em que as duas foram ministras, e que isso pode favorecer Serra. Portanto, uma postura de neutralidade de Marina já seria uma vitória. Com o crescimento de Marina no primeiro turno, houve uma preocupação da campanha petista de não atacar diretamente a candidata do PV. Agora, a ordem é usar o PT do Acre liderado pelo senador eleito e ex-governador Jorge Viana para tentar fazer uma reaproximação com os setores do PV mais ligados a Marina.
Para alavancar a candidatura de Dilma, Lula mergulhará ainda mais na campanha da candidata do PT e deve assumir pessoalmente o comando no segundo turno. A avaliação reservada é que Dilma cresceu de forma significativa em agosto depois que houve a forte exploração da imagem de Lula ao lado dela nos programas eleitorais gratuitos. No primeiro turno, Lula dividiu esforços com várias campanhas estaduais e também com agenda de governo. Tanto, que será cancelada toda a possibilidade de agenda internacional no mês de outubro que seria confirmada pelo Itamaraty caso Dilma fosse eleita no primeiro turno.
Intervenção branca na campanha tucana
As cúpulas de PSDB e DEM preparam, a partir desta segunda-feira, uma "intervenção branca" na campanha de Serra para iniciar a corrida do segundo turno com novo fôlego. Deverão ter maior peso nas negociações dentro do PSDB o recém-eleito senador Aécio Neves, o governador reeleito de Minas, Antonio Anastasia , e o governador eleito do Paraná, Beto Richa .
A avaliação é que a oposição não pode cometer os mesmos erros de 2006: quando o tucano Geraldo Alckmin perdeu votos e saiu menor do que entrou na segunda fase da campanha.
Uma reunião de emergência para esta segunda já foi acertada entre os presidentes do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e do DEM, Rodrigo Maia (RJ), com líderes e dirigentes dos dois partidos. A estratégia será fixada em dois eixos: adotar um discurso capaz de captar os votos dados a Marina; e considerar o presidente Lula o grande derrotado da eleição, já que cantava a vitória de Dilma.
Para ampliar as chances de Serra no segundo turno, Aécio defende um freio de arrumação na campanha tucana. A principal queixa sobre os erros do primeiro turno é que Serra fez uma campanha isolada, sem ouvir os dirigentes partidários e aliados, e ainda seu principal conselheiro foi o marqueteiro Luiz Gonzalez, que está longe de ser um dos nomes mais populares entre os tucanos.
A ordem será adotar um discurso que seja capaz de captar os votos de Marina, evitando que eles voltem para Dilma.
- O segundo turno é outra eleição. É um outro ajuste. Será de outra natureza. E os votos da Marina tem muito conteúdo - disse Sérgio Guerra.
- Vamos nos desdobrar, de maneira muito enfática, junto com o governador de São Paulo e de outros estados - adiantou Anastasia.
- Com segundo turno, é outra eleição e, como tal, tem que ser discutida internamente. Mas é fundamental começar a trabalhar amanhã (hoje) - resumiu Rodrigo Maia.