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Sidrolandia

Redação do Enem adiado fala sobre o combate ao racismo no Brasil

Inep divulgou informação nas redes sociais neste domingo (4). Enem de novembro teve como tema "caminhos para combater intolerância religiosa no Brasil".

G1

04 de Dezembro de 2016 - 20:47

O tema da redação da segunda aplicação do Enem 2016 é "Caminhos para combater o racismo no Brasil". A informação foi divulgada nas redes sociais pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), no início da tarde deste domingo (4).

De acordo com um estudante que fez a prova neste domingo no Recife, um dos três textos motivadores da prova de redação falava sobe a diferença entre racismo e injúria racial.

A expectativa para descobrir o tema era também dos candidatos que fizeram o Enem de novembro. Na prova aplicada nos dias 5 e 6 do mês passado, a orientação era escrever sobre “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”.

Dicas dos professores

Apesar da proximidade dos temas, professores alertam para o fato de que o tema não é apenas "racismo no Brasil", mas sim "os caminhos para combater" esse problema.

Por isso, além de aproveitar as informações dos textos motivadores que sempre acompanham a prova, segundo o professor Sousa Nunes, do Sistema Farias Brito de Ensino, de Fortaleza, é fundamental, para garantir uma nota alta, que o estudante reconheça a existência do racismo no país.

"Se o tema é o combate ao racismo, ele tem que dizer que existe uma prática recorrente que ameaça a harmonia da sociedade brasileira." A professora Poliana Wink, que dá aulas de redação no Colégio Chromos, de Belo Horizonte, concorda. Segundo ela, se o estudante negar a existência do racismo no Brasil na prova, "ele pode tirar uma nota bem baixa".

Para Poliana, um dos truques para escapar de uma nota baixa também é fugir dos clichês e do senso comum, abordando a questão com um senso crítico. "Existe a discussão em relação ao racismo e à injúria racial, porque o racismo é crime inafiançável, e injúria se refere a um comportamento parecido, mas não é um crime inafiançável. Então, muitos casos são registrados como injúria", disse ela, afirmando que a leniência do Poder Judiciário pode ser uma das abordagens do tema.

Repercussão

A maior parte dos candidatos que fizeram a prova ouvidos pelo G1aprovaram o tema da redação. Alexsanderson Alves da Silva Ferreira, de 19 anos, foi um dos primeiros candidatos a deixar a Escola Estadual Armindo Guaraná, em São Cristóvão (SE). Ele pretende cursar fisioterapia saiu feliz com o tema abordado na redação. “Em três anos esse foi o melhor Enem da minha vida. Foi o melhor tema de redação. Foi possível expressar muitas coisas relacionadas ao racismo na internet, nas escolas e na educação dos pais. Eu citei situações relacionadas aos famosos e a intolerância racial”, explicou.

Pretendendo cursar gastronomia, Antônio Camilo, de 19 anos, fez a prova em Recife e disse que ficou animado ao abrir o caderno de questões e se deparar a proposta de redação. “É um tema ótimo para mim porque eu mesmo já sofri preconceito e sei como propor esse combate ao racismo”, opinou Antônio, que achou a proposta equivalente ao tema da redação do Enem realizado no início de novembro este ano. “Os dois falam de combate à intolerância, um sobre religião e outro sobre a cor”, avaliou o estudante.

Mas teve gente que não gostou tanto do tema. Caio Coelho Neto, de 30 anos, é gerente de uma loja de materiais de construção em Goiânia, fez o Enem para conseguir uma bolsa e cursar ciências econômicas. O candidato considerou o tema da redação muito “casual”. “Acho que poderia ser algo mais atual e amplo. É uma coisa que pode ser colocada em qualquer ano. O bom é intrigar a gente, gerar desafio”, avaliou. Apesar da crítica, Caio saiu otimista da prova e acredita que se saiu bem. “Hoje estava muito fácil, bem mais tranquilo que ontem. Acredito que vou conseguir”, disse.

Também de Goiânia, o estudante Henrique Neres, de 18 anos, criticou o tema da redação. "Achei que foi meio banal. O problema não existe somente no Brasil, é algo globalizado e antigo. O Hitler fazia já era racismo", afirmou. O candidato fez a prova na Universidade Paulista (Unip) em Goiânia, busca uma vaga para cursar biologia.

Nas redes sociais, candidatos aprovaram o tema e muitos chegaram a afirmar que é mais fácil escrever sobre ele do que sobre intolerância religiosa. Entre as personalidades, Tati Quebra Barraco foi uma das que celebraram a discussão.

Enem adiado

A reaplicação do Enem em 2016 ocorreu devido às ocupações de locais de prova em novembro. Movimentos estudantis que protestam contra a PEC do teto dos gastos e contra a reforma do ensino médio ocuparam prédios de universidades onde o exame seria aplicado.

Por isso, os candidatos que não puderam realizá-lo em novembro tiveram a opção de participar da segunda edição do Enem, neste fim de semana (3 e 4 de dezembro).

Além da redação, a prova deste domingo (4) tem questões de matemática e de linguagens. Os candidatos poderão levar até 5h30 para terminar o exame.

Cadernos de provas do primeiro dia da segunda aplicação do Enem 2016 (Foto: Divulgação/Ari de Sá)

Todos os temas de redação da história do Enem:

• 1998: Viver e aprender

• 1999: Cidadania e participação social

• 2000: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional

• 2001: Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?

• 2002: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais que o Brasil necessita?

• 2003: A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo

• 2004: Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação

• 2005: O trabalho infantil na sociedade brasileira

• 2006: O poder de transformação da leitura

• 2007: O desafio de se conviver com as diferenças

• 2008: Como preservar a floresta Amazônica: suspender imediatamente o desmatamento; dar incentivo financeiros a proprietários que deixarem de desmatar; ou aumentar a fiscalização e aplicar multas a quem desmatar

• 2009: O indivíduo frente à ética nacional

• 2010: O trabalho na construção da dignidade humana

• 2011: Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado

• 2012: Movimento imigratório para o Brasil no século 21

• 2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil

• 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil

• 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

• 2016 (1ª aplicação): Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil

Correção e cobertura especial

Neste domingo (4), equipes de reportagem continuam acompanhando a rotina dos candidatos, a chegada aos locais de prova e as impressões sobre as provas. Após a aplicação do exame, o G1 vai divulgar um gabarito extraoficial e a resolução comentada das questões realizada por professores do Sistema Ari de Sá (SAS).

• Tempo real: Ao longo do dia, a cobertura em tempo real traz informações, fotos e vídeos da chegada dos candidatos nos locais de prova. É sempre importante lembrar que os portões se fecham às 13h no horário de Brasília.

• Resolução das questões: O G1 apresentará a resolução, feita pelos professores do Sistema Ari de Sá (SAS), das 90 questões de linguagens e matemática, e fará o comentário da prova de redação. Segundo o Inep, o gabarito oficial do Enem deve ser divulgado pelo Ministério da Educação na manhã de quarta-feira (7).

• Programa com as 10 questões mais polêmicas: Na segunda-feira (5), a partir das 13h, professores do SAS comentam as 10 questões mais polêmicas (ou difíceis) desta segunda aplicação do exame neste ano. Clique aqui para conferir como foi o programa sobre a prova de novembro.