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Sidrolandia

Rivalidade Daltro x Enelvo pode ter travado instalação de Bombeiros em Sidrolândia

Marcos Tomé/Região News

26 de Dezembro de 2010 - 20:18

Rivalidade Daltro x Enelvo pode ter travado instalação de Bombeiros em Sidrolândia
Rivalidade Daltro x Enelvo pode ter travado instala - Foto: Marcos Tom

A histórica de rivalidade que nas últimas décadas divide politicamente Sidrolândia pode ter atrapalhado até agora a instalação de um grupamento do Corpo de Bombeiros na cidade, reivindicação antiga que ganhou dimensão de clamor popular depois do incêndio registrado na sexta-feira, véspera de Natal, quando os bombeiros demoraram mais de uma hora para chegar de Campo Grande e atuar no combate ao fogo que destruiu o Nutri Shopping, o maior centro comercial da cidade.

O prejuízo foi calculado em aproximadamente, R$ 3 milhões, sem contar que 80 funcionários estão com seus empregos ameaçados. Esta demora para a chegada dos bombeiros também pode ter contribuído para que Francisco Alves Neto, funcionário de uma empreiteira, morresse soterrado no dia 06 de novembro de 2009 enquanto trabalhava na abertura de valetas para implantação de drenagem na Rua Ponta Porã.

Os bombeiros só chegaram para resgatá-lo mais de uma hora depois do acidente. Os entendimentos entre o comando da corporação e a prefeitura para viabilizar o grupamento não avançam há mais 19 meses. Esta morosidade pode estar relacionada com a participação do ex-prefeito Enelvo Felini (PSDB) numa audiência no dia 05 de maio de 2009  com o comandante dos bombeiros, coronel  Ociel Ortiz, em que também estiveram presentes cinco  vereadores.

EnelvoEm pauta a instalação da unidade dos bombeiros na cidade.  O prefeito Daltro Fiúza se irritou por não ter sido  sequer informado do encontro, enquanto seu adversário histórico era prestigiado até com registro fotográfico da reunião.   A audiência  foi  agendada pelo deputado Reinaldo Azambuja, presidente regional do PSDB, mesmo partido do ex-prefeito.

A iniciativa de levar Enelvo foi do vereador Di Cezar (PSDB) para surpresa dos seus colegas, inclusive Ilson Peres, que é também tucano. Integraram a delegação que esteve no Comando dos Bombeiros os vereadores Antonio Galdino, Waldemar Acosta e Jean Nazareth.

Nesta reunião o coronel Ociel Ortiz calculou que seria preciso investir cerca de R$ 2,8 milhões para construir as instalações e adquirir as viaturas e os equipamentos da futura guarnição. Como o Estado, muito menos a prefeitura, não teria de imediato esses recursos, o comandante sugeriu uma alternativa emergencial já adotada em Coxim: a prefeitura alugaria um prédio, com acomodação para servir de dormitório para um efetivo reduzido de quatro homens e a corporação deslocaria para Sidrolândia um caminhão-pipa e uma viatura de apoio.

Esta estrutura seria suficiente para intervir de imediato em sinistros de grandes proporções, como o registrado no Nutri Shopping, até a chegada do reforço de Campo Grande.  O passo seguinte seria o município doar a área para a construção da sede definitiva da unidade, a ser viabilizada com recursos do orçamento estadual.

Se nesta sexta-feira este posto avançado no centro da cidade já estivesse funcionando, os bombeiros teriam chegado ao local do incêndio em menos de 5 minutos após o início das chamas. Os vereadores saíram deste encontro em abril de 2009 dispostos a se reunir com o prefeito Daltro Fiúza e defender a parceria com os bombeiros.

O encontro foi agendado, mas na última hora o prefeito não compareceu. Por telefone, ele garantiu que nos dias seguintes estaria com o comando dos bombeiros.  O coronel Ociel formalizou interesse em firmar acordo com o município por meio de um ofício encaminhado à Câmara e a Prefeitura  ainda naquele ano de 2009.

Mais de um ano e meio depois, nada aconteceu, enquanto, por exemplo, Caarapó, com metade da população de Sidrolândia, ganhará no início de 2011 seu grupamento de combate a incêndio, com sede própria construída em terreno doado pelo município.