Sidrolandia
Sem manutenção, estradas colocam em risco escoamento da produção de grupo com 70 assentados
Neste período de chuvas se acentuam as dificuldades dos agricultores que precisam recorrer ao trator da associação para vencer os atoleiros.
Flávio Paes/Região News
15 de Julho de 2015 - 19:44
O escoamento da produção de 70 assentados do Eldorado Parte, que diariamente abastecem supermercados de Campo Grande com dois caminhões de hortaliças, está ameaçado pela falta de manutenção dos 18 quilômetros de travessões de interligação dos lotes a MS-258, estrada de conexão com a BR-060, rodovia de acesso à Capital.
Neste período de chuvas se acentuam as dificuldades dos agricultores que precisam recorrer ao trator da associação para vencer os atoleiros e honrar os contratos com os clientes. Há três meses eles se tornaram fornecedores de uma das maiores redes de supermercado do País (o Atacadão com três lojas em Campo Grande) e outros dois supermercados de porte menor que lhes garantem um faturamento mensal bruto de R$ 80 mil. Entregar esta produção diariamente envolve uma logística que em dias chove fica complicada.
No período de estiagem o caminhão consegue entrar nos quatro pontos de coleta das hortaliças. Quando chove só de trator é possível transpor os travessões. O trabalho começa com 9 horas de antecedência para encher o caminhão que sai às 2 horas da manhã com 3 mil pés de alface, 600 maços de rúcula, 600 cheiro verde, 300 de coentro 300 de salsa, 300 de cebola industrial, além de 1.500 unidades de couve-flor, destinados as três filiais do Atacadão..
A partir das 17 horas começam as inúmeras viagens do trator puxando uma carretinha lotada com produção de cada assentado até o lote do Alemão que por ficar perto da estrada principal (a 1.270 metros de distância), funciona como entreposto de embarque no Baú ¾. Não há margem para atraso, porque o horário de entrega termina impreterivelmente às 8 horas da manhã do dia seguinte. O fornecedor que chegar depois deste horário terá de voltar com a carga.
Nesta quarta-feira chuvosa dois representantes da Associação dos Trabalhadores Nova Conquista, entidade que reúne o grupo, veio a Sidrolândia não só em busca de uma peça para o caminhão Baú ¾ que estragou no retorno de Campo Grande, mas para pedir socorro da Prefeitura.
O que Dilson Wanderline Lopes, o Alemão, presidente da entidade e Luciano Gibin, produtor e motorista do caminhão, ouviram do secretário de Infraestrutura, Antônio Galdino, foi desanimador: por enquanto não há nem previsão de quando a Prefeitura vai deslocar equipamentos para recuperar os 18 quilômetros de travessões do Eldorado Parte, que precisam de encascalhamento urgente.
Isto é um absurdo, principalmente quando se sabe que no mês passado o serviço foi feito num trecho de quase 30 quilômetros da estrada do Bolicho Seco, segundo consta, porque causa das festividades daquela comunidade, critica Luciano Gigin durante visita a redação do RN para falar sobre o caso.
Precisamos deste apoio mínimo para continuar produzindo, gerando renda para nossas famílias e o município. Estamos mostrando que isto é possível, contrariando aquela ideia de que o assentado é preguiçoso, comenta Alemão. Ele, sozinho, com 4 hectares de hortas, responde por 30% de toda a produção da Associação, trabalhando ao lado dos filhos e de dois funcionários que precisou contratar.
Além do Atacadão, a Associação fechou contrato com duas quitandas, um mercado e fornece diariamente 170 caixas de hortaliças, que saem do assentamento todo dia às 5 horas da tarde. Ano passado a entidade conseguiu junto ao Governo do Estado uma patrulha mecanizada. Da Prefeitura, o único incentivo é a disponibilidade de um caminhão-truck (com diesel e motorista custeado pelo município) para fazer as entregas as quintas e sábados de um terceiro lote de produtos.