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Sidrolandia

Setor privado tem mais médicos que SUS, mas atende 25% da população

Dado é do estudo Demografia Médica 2015, de Cremesp e CFM. País tem 399.692 médicos, 1,95 médico a cada mil habitantes, indica.

G1

30 de Novembro de 2015 - 17:27

O Brasil tem mais médicos atuando no setor privado do que no Sistema Único de Saúde (SUS), ainda que apenas 25% da população brasileira tenha convênio médico e 75% utilize exclusivamente o SUS.

Segundo o estudo Demografia Médica no Brasil 2015, divulgado nesta segunda-feira (30) pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), 21,6% dos médicos atuam só no setor público e 26,9% só no setor privado;51,5% dos profissionais atuam nas duas esferas.

A disponibilidade de médicos na rede privada é três vezes maior do que na rede pública

De acordo com o coordenador da pesquisa, o professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) Mário Scheffer, o dado indica que a disponibilidade de médicos na rede privada é três vezes maior do que na rede pública.

Segundo o estudo, há 399.692 médicos atuando no Brasil, o que significa que há 1,95 médico a cada mil habitantes. Em termos de comparação, a média de médicos por mil habitantes nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 3,2. “A velocidade de crescimento dos médicos é maior do que o crescimento da população. Por conta da abertura de novos cursos, em curto prazo, isso deve chegar a 2,5”, diz Scheffer. Desde 2010, 71 novos cursos de Medicina foram abertos no Brasil.

Má distribuição dos médicos

A pesquisa revela também a concentração de médicos nas capitais dos estados. Enquanto elas têm 23,8% da população brasileira, concentram 44,76% dos médicos do país. A média de médicos por mil habitantes nas capitais é de 4,84 e de 1,23 no interior.

A distribuição dos profissionais entre as regiões também é desigual. Enquanto o Sudeste tem 2,75 médicos por mil habitantes, o Norte tem apenas 1,09. Essa desigualdade pode ser observada inclusive nas capitais. Vitória-ES, por exemplo, é a capital com maior quantidade de médicos por mil habitantes: 11,9. Já Macapá-AP tem 1,42 médicos por mil habitantes.

“Ainda temos verdadeiros desertos de médicos, ou seja, falta localizada de profissionais em determinadas regiões”, diz Scheffer.

Especialidades médicas

Segundo o estudo, 59% dos médicos brasileiros têm pelo menos um título de especialista, sendo que metade dos especialistas se concentra em seis especialidades: clínica médica, pediatria, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, anestesiologia e cardiologia.

Segundo Scheffer, a distribuição entre as especialidades está dentro do esperado e é semelhante à observada em países mais desenvolvidos. O coordenador da pesquisa observa, porém, que a atuação desses especialistas no SUS é limitada, já que 51,5% dos médicos do sistema público atuam em hospitais e 23,5% na atenção primária à saúde. Somente 4,8% dos profissionais atuam na atenção secundária, que engloba os ambulatórios de especialidades e outros serviços especializados.