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Política

Empresário move ação popular para barrar diplomação de Antonio Russo no Senado

Pela regra constitucional, a ação do empresário possui amparo, embora o desfecho dela seja uma incógnita dada à complexidade eleitoral

Midiamax

16 de Junho de 2011 - 16:35

O empresário Florivaldo Alteiro Leal protocolou na Justiça Federal, em Campo Grande, uma ação popular que pede para suspender a diplomação de Antonio Russo Neto, o primeiro suplente da senadora Marisa Serrano, que ontem foi eleita conselheira do TCE (Tribunal de Contas do Estado).

Leal, também produtor rural, cita no recurso, o histórico financeiro dos empreendimentos de Russo, o frigorífico Independência, em processo de recuperação judicial desde 2009, e diz que o suplente teria praticado a “imoralidade” e “lesado o patrimônio federal, estadual e municipal”, ao aplicar um suposto calote no mercado pecuário de ao menos R$ 3,5 bilhões.

Pela regra constitucional, a ação do empresário possui amparo, embora o desfecho dela seja uma incógnita dada à complexidade eleitoral. A Justiça Federal não teria meio de barrar a diplomação de Russo, isso seria uma missão dos tribunais eleitorais.

Russo Neto deve assumir a vaga de Marisa assim que ela for nomeada conselheira, daqui uns 15 ou 20 dias.

“Parece que o Sr. Antônio Russo Netto busca se proteger das sanções e de sua dívida do foro privilegiado”, diz trecho da ação do empresário.

Florivaldo Leal questiona na ação que Russo Neto tem dito que deixou de atuar no comando do frigorífico Independência entre 2003 e 2004. Contudo, ele cita no recurso que a relação dos bens do suplente, registrada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral), em 2006, contraria as recentes declarações do suplente.

Na prestação de contas, Russo afirma ser um dos principais sócios do empreendimento frigorífico.

“Quando perguntado sobre a quebra do Independência, Antonio Russo Netto sempre alega distanciamento da direção da empresa”, afirma Leal que, logo adiante, sustenta que “... mas, informações legais põem em dúvida a afirmação de Russo Netto. Primeiro, na sua própria declaração de bens, como candidato a suplente de Marisa, em 2006, aparecem cotas do Independência no valor de R$ 47,9 milhões, em um patrimônio pessoal de R$ 52 milhões”.

Antes de escrever na ação que Russo Neto estaria interessado no cargo para obter o foro privilegiado, Leal assim se manifesta: “como um cidadão que deve na praça mais de três bilhões de reais, o que demonstra claramente sua total irresponsabilidade, incompetência e imoralidade, pode assumir um cargo de senador?”.

O frigorífico Independência mantinha funcionando unidades em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins. Em cada região destas o suplente enfrenta demanda judicial por questões financeiras.

Outro lado

O suplente Antônio Russo Netto disse a ação do empresário Florivaldo Leal tenha sido motiva por alguma “questão pessoal”.

“Soube disso [ação], e essas dívidas citadas surgiram quando eu não estava mais na empresa. Conheci esse moço [Florivaldo] há muitos anos atrás em Presidente Prudente (SP), depois nunca mais o vi, acredito que deve ser uma coisa com a pessoa jurídica. Tenho 70 anos de idade, não tenho nenhum receio de perder o mandato. Não tenho nenhuma sentença julgada em meu nome”, respondeu.

Russo e Florivaldo fizeram negócio no passado. O empresário vendeu ao Independência um frigorífico instalado no estado de Tocantins. Por não receber o combinado, algo em torno de R$ 16 milhões, Florivaldo entrou na Justiça e assumiu o frigorífico de novo. Ele disse ter recebido 40% da dívida. Hoje, o empresário ainda move ações contra Russo.