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Sidrolandia

Reserva Indígena tem 800 crianças fora da escola em Dourados

As salas estão superlotadas chegando a comportar mais de 50 alunos, quando a capacidade é de 25

Dourados Agora

31 de Julho de 2014 - 07:16

O município de Dourados tem hoje 800 crianças fora da escola nas séries iniciais, na Reserva Indígena. Os dados são de profissionais da Educação Escolar Indígena do Município que iniciaram ontem uma onda de protestos e fecharam a MS 156 que dá acesso a Itaporã.

O grupo reivindica melhorias urgentes para a Educação. Iniciado às 8h de ontem, o bloqueio impediu o trânsito entre Dourados e Itaporã. O prefeito de Itaporã, Wallas Milfont, esteve no local e disse que a população daquele município não pode ser penalizada por uma questão que precisa ser resolvida por Dourados. Ele disse que a situação causa prejuízos porque muitos itaporaenses estudam, trabalham e dependem dos serviços da Saúde.

A comunidade indígena aponta a precariedade da Educação indígena. Eles reclamam que as salas estão superlotadas chegando a comportar mais de 50 alunos, quando a capacidade é de 25. Eles também denunciam os banheiros em péssimas condições e inadequados para uso, salas improvisadas em algumas escolas onde falta estrutura mínima como iluminação, ventilação, carteiras, banheiro, péssima qualidade no transporte escolar com ônibus antigos e superlotados e falta de materiais didáticos, pedagógicos e estruturas dignas para atender adequadamente aos alunos.

Os professores também denunciam o grande número de professores contratados em contratos precários, sem nenhum direito, ambientes improvisados nas escolas: biblioteca, administração, salas de aula e salas de tecnologia. Eles reclamam ainda da falta da manutenção das estradas, o que prejudica o acesso a ônibus escolares e a freqüência dos alunos.

A proposta da comunidade indígena é a de apresentação de plano de valorização dos profissionais da educação, principalmente em relação ao piso de 20 horas, a construção de novas escolas para atender os alunos fora da sala de aula. investimentos no orçamento de 2015 para a elaboração de materiais didáticos, específico e diferenciado para as escolas indígenas, concurso público e aquisição de transporte escolar adequado. Todas as reivindicações foram encaminhadas ao Ministério Público Estadual e Federal, além do Conselho Tutelar de Dourados.

De acordo com uma das lideranças indígenas, o terena Valdines Ribeiro, para tentar driblar a falta de vagas, a comunidade indígena conseguiu com a Prefeitura de Itaporã cerca de 200 vagas para atender crianças indígenas de Dourados. No entanto, segundo ele, o município de Dourados deve garantir que a comunidade local tenha acesso à escola pública.

“É de cortar o coração. Muitas crianças que estão indo para Itaporã pedem para voltar porque sentem dificuldade em se adaptar ao novo ambiente. Precisamos de escolas urgente na aldeia. Só queremos uma educação de qualidade”, destaca.

Para a liderança, todas as dificuldades são motivos de preocupação para as mães. “Hoje temos claro que a educação é o caminho para se conseguir uma vida mais digna. Vejo que quando os alunos não têm esta chance estão expostos a situações preocupantes como drogas e envolvimento em crimes. A educação está sendo negada aos alunos indígenas”, destaca.

Segundo perfil socioeconômico de Dourados 2012, cerca de 30% dos alunos matriculado desistiram ou reprovaram e as lideranças acreditam que o motivo são as péssimas condições nas escolas municipais. A redação entrou em contato com a Assessoria da Prefeitura que ainda não retornou contato para eventuais esclarecimentos.