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Brasil tem 3,4 milhões de pessoas que não comem o suficiente, diz FAO
Segundo a organização, no período 1990-1992, 14,8% dos brasileiros passavam fome. Para o período de 2012-2014, o índice brasileiro caiu para 1,7%
Agência Brasil
16 de Setembro de 2014 - 17:00
O
Brasil tem 3,4 milhões de pessoas que não comem o suficiente diariamente, o que
corresponde a 1,7% da população brasileira, segundo a Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Para ter uma vida ativa e
saudável, a recomendação das Nações Unidas é que a pessoa, acima de 12 anos,
coma pelo menos 2.200 calorias por dia.
O relatório O Estado de a Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil: Um
retrato multidimensional, divulgado hoje (16), mostra que o Brasil cumpriu
tanto a meta de diminuir pela metade a proporção de pessoas que sofrem com a
fome um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de 2000 - quanto a
meta de diminuir pela metade o número absoluto de pessoas com fome, estipulada
na Cúpula Mundial sobre Alimentação, em 1996.
Segundo a organização, no período 1990-1992, 14,8% dos brasileiros passavam
fome. Para o período de 2012-2014, o índice brasileiro caiu para 1,7%. De
acordo com o relatório, essa estatística coloca o país como um dos que
superaram o problema da fome. Para a representante regional adjunta da FAO para
a América Latina e Caribe, Eve Crowley, a implementação de um conjunto de políticas
públicas de forma articulada e integrada e de marcos legais e institucionais
permitiu os avanços do país na superação da fome. Nos últimos anos, o tema da
segurança alimentar foi posto no centro da agenda política do Brasil.
Na avaliação da consultora da FAO, Anne Kepple, o Brasil se destaca como
exemplo devido a uma série de políticas públicas articuladas, como o Programa
Bolsa Família, a geração de empregos formais, o fortalecimento da agricultura
familiar, o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa Nacional de
Alimentação Escolar.
Segundo a representante da FAO, ainda há bolsões de pobreza nas regiões Norte e
Nordeste. Incluir comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas nas
políticas sociais também é desafio para o Brasil, acrescentou. Garantir a
proteção das populações mais vulneráveis e continuar as políticas que já
existem de crescimento econômico e inclusão social devem ser a prioridade na
próxima década. Podemos estar na última geração que conhece a fome no Brasil.
Com a continuidade das políticas, é possível que, nos próximos anos, haja a
erradicação completa.
O estudo de caso sobre o Brasil faz parte do relatório O Estado da
Insegurança Alimentar no Mundo (Sofi 2014 na sigla em inglês), divulgado
hoje, em Roma, na Itália. Cerca de 805 milhões de pessoas no mundo, o que
representa uma em cada nove, ainda sofrem de fome crônica no mundo, segundo o
estudo.