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Sidrolandia

Proprietários de áreas na Reserva Buriti discutem nesta segunda-feira oferta de R$ 80 milhões pelos 15 mil hectares

O ex-deputado estadual Ricardo Bacha não quer mais negociar a venda das fazendas Buriti e São José com o governo federal.

Flávio Paes/Região News

28 de Setembro de 2014 - 22:20

Os proprietário das 31 propriedades rurais reivindicadas pelos terena como parte da Reserva Buriti, se reunirão nesta na segunda-feira em Campo Grande para discutir o novo laudo do INCRA que manteve em R$ 80 milhões a oferta pelos 15 mil hectares. 

Dono de duas das 31 propriedades rurais sob conflito entre os municípios de Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, o ex-deputado estadual Ricardo Bacha não quer mais negociar a venda das fazendas Buriti e São José com o governo federal. Ele reclama que o valor oferecido está muito abaixo do mercado.

“Ofereceram-nos menos da metade do preço que realmente vale. Não querem resolver. Enganaram a gente e os índios”, desabafa. O valor oferecido desagradou os ruralistas desde que foi apresentado pela primeira vez em meados deste ano. Na época, durante mesa de negociação envolvendo as partes, a União pediu que os ruralistas fizessem sua própria avaliação.

“Então nos unimos e contratamos a Real Brasil que avaliou a área pretendida pelos índios em R$ 124 milhões”, disse. A União discorda desta avaliação. Nesta semana, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) manteve o valor inicial de R$ 80 milhões.

“Se era para agir desta forma porque que é que pediram nossa avaliação? Fizeram a gente gastar dinheiro sem necessidade”, reclama Bacha. Indignado com a atitude, ele afirma que está fora da negociação. “Nestes termos não dá (...) Prefiro que a Justiça decida. Ou me dão as terras de volta, ou então paguem o que ela realmente vale”, cobra.

A fazenda Buriti tem 308 hectares. Conforme Bacha, no valor de mercado, cada hectare desta propriedade vale, no mínimo, R$ 15 mil. Já os 560 hectares da São José valem cerca de R$ 10 mil cada. A diferença de preço entre as duas propriedades se deve à topografia. A Buriti é mais plana. Pela proposta do governo federal, cada hectare da região vale em média R$ 5,5 mil, valor que Bacha considera “absurdo.”

Decidido a retirar as duas propriedades da negociação, Bacha agora quer ouvir os donos das demais propriedades rurais. Segundo ele, os fazendeiros estão esgotados desta negociação longa e sem solução definitiva. “Muitos deles não tem mais sustento que retiravam de suas propriedades” destaca. Além de reclamar dos valores propostos pelo governo federal, Bacha se queixa ainda que até hoje não foi ressarcido pelos danos causados à Buriti.

Foto: Marcos Tomé/Região News

http://i.imgur.com/pT2tTB4.jpg

A sede da propriedade rural foi incendiada e completamente destruída pelos índios em maio de 2013. O ataque foi uma reação à morte do indígena Oziel Gabriel durante tentativa de reintegração de posse da Polícia Federal. Houve confronto e o Oziel foi atingido por um tiro. “Tudo foi destruído. A sede da propriedade, o maquinário, o mangueiro, o poço artesiano. Além disso, 300 cabeças de gado desapareceram. O prejuízo foi de cerca de R$ 1 milhão”, contabiliza.

Bacha cita que o clima de tensão entre fazendeiros e indígenas desvalorizou as áreas na região, mas ele defende que o governo leve em conta o valor das terras antes de os conflitos explodirem. Segundo ele, as terras são de boa qualidade e ideais para a agricultura intensiva, ao contrário do que supõe o Incra quando oferece valores abaixo do mercado.