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Sidrolandia

No Capão Bonito 2, dragagem de valetas garante acesso e devolve áreas à produção de leite e grãos

A região, por conta das suas características tipográficas, é rodeada por áreas de várzeas, e acaba sendo ponto de passagem ou destino das águas de nascentes que descem pelas valetas.

Flávio Paes/Região News

26 de Junho de 2016 - 22:09

Pela primeira vez desde a criação do assentamento há mais de 20 anos, a parceria entre a comunidade e o poder público municipal tirou do isolamento (principalmente nos dias de chuva) boa parte dos pequenos produtores do Capão Bonito 2, especialmente os que tem lotes no entorno da Escola Municipal Monteiro Lobato, construída na sede da antiga fazenda que deu origem ao assentamento.

Na semana passada o vereador Edno Ribas, que intercedeu junto ao prefeito Ari Basso para a Prefeitura participar da parceria, acompanhou a reportagem do Região News numa visita aos locais onde foram executados os serviços, abrangendo uma malha de 20 quilômetros de estadas. “As famílias se mostraram satisfeitas com o resultado e deve se reunir com o prefeito para agradecer e apresentar novas reivindicações”, informa o vereador.

A região, por conta das suas características topográficas, rodeada por áreas de várzeas,  acaba sendo ponto de passagem ou destino das águas de nascentes que descem pelas valetas, espécie de estradas abertas pelos fazendeiros e que servem de bebedouros do gado espalhados pelo pasto.

Para regular este fluxo de água corrente são feitos represas, que acabam transbordando quando chove acima da média histórica, como ocorreu no primeiro semestre deste ano. O problema se acentuou porque alguns produtores não isolam uma área em torno dos açudes, com isto o gado pisoteia no período de seca, impedindo a recomposição vegetal que serviria como dreno natural para reduzir a velocidade da enxurrada.

O resultado de tanta água escoando ao mesmo tempo foi o alagamento das regiões que ficam abaixo. O problema se agravou porque há muito tempo não se fazia a limpeza das valetas, (rompendo bueiros, alagando pastagens, lavouras e até deixando algumas casas ilhadas).

No Capão Bonito 2, dragagem de valetas garante acesso e devolve áreas à produção de leite e grãosFoi o que aconteceu no lote 178 do casal Rosair Correa e Maria Correa, que fica as margens do travessão Recanto e de um bueiro (construído de madeira antes de o assentamento ser criado) arrastado pela força da água. "Ficamos vários dias com a casa rodeada de água, que não escoava, mesmo após vários dias de estiagem", conta dona Maria. Como ônibus escolar não conseguia passar os atoleiros, por duas semanas os alunos da região, inclusive os netos do casal, não conseguiam chegar na escola Monteiro Lobato.

Como boa parte da pastagem do lote de 10 hectares ficou embaixo d'agua a produção leiteira caiu para 15 litros por dia e nem vinha sendo entregue no resfriador para comercialização. A dragagem das valetas e a reconstrução dos bueiros (com a colocação de tubos em lugar da madeira levada pela enxurrada) da fazenda, resolveu o problema neste e em outros travessões.

Foram duas semanas de serviço, que mobilizou alguns produtores (alguns cederam tratores, outros caminhões) enquanto a Prefeitura contribuiu com óleo diesel. Um dos mais participativos foi o produtor Carlos Sandri, que produz soja para biodiesel e milho no inverno, e contribuiu com equipamentos e garantiu a alimentação dos 27 trabalhadores. O lote do filho dele que fica no travessão de acesso à escola, foi um dos prejudicados, perdendo em março aproximadamente 4 hectares de soja que não pode ser colhida porque as vagens apodreceram no pé e agora a mesma situação acontece com a área do milho. “O bueiro em frente do acesso ao lote não agüentou a pressão da água que alagou tudo abaixo”, explica.

Foto: Flávio Paes/Região News

No Capão Bonito 2, dragagem de valetas garante acesso e devolve áreas à produção de leite e grãos

Área de milho plantada está alagada. Em março aprox. 4 ha de soja não pode ser colhida porque as vagens apodreceram no pé por causa do alagamento.

Situação difícil também foi enfrentada pelo casal Sandro Gonzalez e Aline Moraes, que moram perto da escola, num local onde desembocava a enxurrada. A casa ficou isolada, era preciso fazer uma travessia dentro d’água para chegar à terra firme. A pastagem ficou alagada, interrompendo a produção diária de 350 litros, além do prejuízo com a perda de um bezerro, acometido de pneumonia.

A diretora da escola, Fabiana Mareco, que também mora no assentamento, teve participação ativa na parceria, incentivando os vizinhos a dar sua contribuição.

As aulas tiveram de ser suspensas pelo menos quatro dias porque os alunos (em torno de 200) não conseguiam chegar na escola porque o travessão de acesso ficou intransitável. Em alguns dias, as crianças tinham que atravessar a pé um trecho de 200 metros, porque simplesmente, os ônibus não passavam no atoleiro. “A situação melhorou muito. Foi feito um bom serviço”, atesta.