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Sidrolandia

Em trabalho solo, músico de MS se destaca no estilo folk

Hoje, está no epicentro do gênero sonoro na capital paulista, às vésperas de lançar seu novo trabalho solo e um DVD com um projeto em grupo.

Correio do Estado

20 de Outubro de 2016 - 16:45

Ele nasceu Fernando, mas um sonho com a avó lhe fez Jonavo. Campo-grandense, o músico e produtor foi pop para São Paulo e se descobriu folk, movimento que, segundo ele, está entre a MPB e o rock, permeado pelo rural e bucólico. Hoje, está no epicentro do gênero sonoro na capital paulista, às vésperas de lançar seu novo trabalho solo e um DVD com um projeto em grupo.

“Casulo”, segundo álbum de Jonavo, já está em processo de finalização. O disco tem produção de Wlajones Carvalho e será mixado em Nashville-EUA, um dos berços da música country norte-americana. Segundo o artista, o CD se desgarra um pouco da sonoridade pop que marcou o início de sua carreira e assume uma vertente folk.

“É um som mais maduro, onde eu falo da minha saudade de Campo Grande, do meu amor pelo folk”, destaca Jonavo. Uma das faixas do trabalho, “Musicando o Vento”, já foi disponibilizada na internet e tem participação de Renato Teixeira. O disco deve ser lançado nos primeiros meses de 2017.

Também previsto para o ano que vem está o segundo DVD do grupo “Folk na Kombi”, formado por Jonavo, o carioca Bezão e o santista Felipe Camara. O show foi gravado este mês no Auditório Ibirapuera, situado no parque de mesmo nome, em São Paulo.

Com participações especiais de “O Teatro Mágico” e de Zé Geraldo, o DVD sucede “Um Filme de Música”, de 2015, primeiro do grupo. “Nós não somos um projeto engessado. Todos nós temos nossos trabalhos solo, mas fomos juntos para a estrada e nos vimos como banda também”, explica.

TRAJETÓRIA

Jonavo se consolidou na música em 2011, quando lançou o álbum “Jonavo & Barulho Zen”. Naquele mesmo ano, o músico fez as malas e partiu para o estado vizinho. “Comecei minha carreira em Campo Grande, toquei no Festival de Inverno de Bonito, no Festival América do Sul, desenvolvi um projeto com escolas. Vim para São Paulo a fim de tentar a sorte”, recorda.

E tentou. Mas a sorte parecia blindada e demorou a se revelar. “Aqui eu tinha a opção de buscar as casas de show mais alternativas, no Baixo Augusta, ou as mais conceituadas, onde é muito difícil de tocar. Bati às portas do underground e todas se fecharam”, narra.

O campo-grandense não demorou a diagnosticar o problema. Era um artista pop e intruso da cidade mais populosa do Brasil, facilmente rejeitado no nicho alternativo local. Apesar de ter morado em São Paulo quando mais jovem, onde também aprendeu a tocar, parecia não pertencer ao meio. Era um caipira na cidade grande.

Retornar para Mato Grosso do Sul ainda não era uma opção e Jonavo começaria o que chamou de “processo de interiorização”, uma viagem ao centro de si mesmo e de sua música para se conhecer e ressignificar sua música.

“Fiquei algum tempo batalhando para me encontrar, até que busquei me apegar ao meu diferencial. O fato de não ser daqui, de fazer um som acústico, que fala de relacionamento, de relações humanas. Isso fez com que eu me descobrisse como um artista folk”, lembra.

FOLK + BRASIL

Na contramão da timidez caipira, Jonavo buscou reunir seus iguais na cidade grande. Produziu o projeto “Folk + Brasil”, que começou com um sarau no Centro Histórico da Universidade Mackenzie e culminou no primeiro festival do gênero no País. 

A iniciativa subiu ao palco do Bourbon Street, onde já tocaram Ray Charles, Nina Simone, Diana Krall, Johnny Rivers e Jorge Ben Jor, e juntou dois dos maiores ícones do folk nacional: Paulo Simões — compositor de “Trem do Pantanal” com Geraldo Roca (morto em 2015) —, e Almir Sater, expoente da música regional e que, com Simões, compôs “Comitiva Esperança”, “Sonhos Guaranis” e outras canções.

Agora já melhor situado com o que queria fazer de violão e bandolim nas mãos, Jonavo percebia a influência que a música sul-mato-grossense exercia sobre ele. O próprio Paulo Simões foi como um padrinho para o artista. “Sempre me apoiou, me dava dicas para compor”.

Celito Espíndola, que, entre outros trabalhos, fez parte do grupo “Chalana de Prata”, é classificado por Jonavo como “genial e fantástico”. O músico ainda pôde conviver com Geraldo Roca em seus dois últimos anos de vida e teve acesso à obra do compositor. Uma das últimas entrevistas de Roca foi cedida ao artista.

NA KOMBI

Ao lado de Bezão e Felipe Camara, o campo-grandense deu início ao “Folk na Kombi”, em 2013. A ideia era fazer um programa de entrevistas para televisão ou internet, em que o bate-papo aconteceria dentro do veículo. “A gente viu que a kombi poderia ser nosso palco, um canal para juntar as pessoas, e, a partir daí, ela se tornou símbolo dessa cena”, ressalta Jonavo.

Depois de algumas apresentações em bairros de São Paulo, a iniciativa tomou proporções maiores e fez pequenas turnês pelo País. O primeiro DVD do grupo foi gravado em uma vila de operários na capital paulista.