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Política

Governador diz que citação na delação da JBS é retaliação à mudança na política de incentivos

Reinaldo Azambuja (PSDB) chorou ao falar sobre a vida pública durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (22).

G1 MS

23 de Maio de 2017 - 07:23

O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) afirmou, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (22), que a relação com a JBS é institucional e diz acreditar que a citação feita na delação do dono da JBS Wesley Batista é uma retaliação à mudança na política de incentivos fiscais.

"Pode ter feito por retaliação por nós não concordar em renovar muitos termos de acordo porque nós não concordamos. Eu acho, como eles precisam entregar para ter o acesso que eles queriam com o Ministério Público uma grande realmente leniência, para não ser processado, para poder morar nos Estados Unidos, ir para Miami, Nova Iorque sem nenhum punição. Parece que o crime compensa", afirmou Azambuja.

A JBS informou ao G1 que não vai se manifestar sobre a declaração de Azambuja.

Reinaldo chorou quando falou sobre as duas décadas de vida pública e a luta da família para construir o patrimônio. O tucano também lembrou dos ataques que sofreu durante a campanha eleitoral de 2014 quando foi colocado como o candidato mais rico do país. Neste momento, a primeira-dama Fátima Azambuja deu à mão ao marido solidarizando com a situação.

Wesley Bastista afirmou na delação que pagou propina para o atual governo em troca de descontos nos impostos estaduais. O esquema teria começado em 2003 com o governador Zeca do PT e continuado na gestão de André Puccinelli (PMDB).

Em outro momento, o empresário garantiu que outras empresas também adotaram a prática de pagar propina em troca da redução de impostos.

“Nós mudamos a política de incentivo no estado e dobrados recolhimento com a JBS. Em 2014 eram R$ 40 milhões e em 2016 passou para R$ 70 milhões”, disse Azambuja.

O chefe do Executivo estadual disse que se reuniu diversas vezes com os donos da JBS para discutir investimentos da empresa em Mato Grosso do Sul e que a última reunião foi na semana passada, quando esteve na sede da empresa em São Paulo para discutir ampliação da linha 2 da Eldorado, que fica em Três Lagoas, região leste do estado.

"Recebi toda a diretoria da JBS aqui na Governadoria. Recebi o Joesley, recebi o Wesley e inúmeras vezes a Joanita porque eles estão investindo no estado", afirmou o governador citando o frigorífico de peru e de porcos que estão em andamento.

Sobre a informação de que ele teria pago a conta de campanha do adversário político Delcídio do Amaral (sem partido), que disputou o governo do estado em 2014, Azambuja ainda afirmou que cabe ao governador responder a todas as denúncias, mas, cabe aos delatores, provar.

“Apresentar planilha de Excel sem nada de substancial diga que nós desviamos algo do nosso estado ou que nós nos apropriamos de algo indevidamente”, disse Reinaldo.

Segundo o governador, ele recebeu R$ 25 milhões em doações de empresas na campanha de 2014 e do total R$ 10 milhões foram da JBS, por meio da direção nacional do PSDB em quatro parcelas de R$ 2,5 milhões.

"O Estado Mato Grosso do Sul vai mostrar tudo que tem de mostrar, não tem nada a esconder. A pessoa Reinaldo Azambuja também vai prestar todos os esclarecimentos", disse.

Segundo o governador, Mato Grosso do Sul tem 1.199 termos de política de incentivo, do total 31 são com frigoríficos.

Pedido de afastamento

O vereador de Campo Grande Vinicius Siqueira (DEM) protocolou hoje na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul uma denúncia de crime de responsabilidade contra o governador Reinaldo Azambuja.

No documento, pede também o afastamento do tucano do cargo para a apuração das acusações feitas na delação premiada de executivos da JBS, durante a operação Lava Jato, que apontam o pagamento de propina ao político, por meio de notas fiscais frias, para a obtenção de incentivos fiscais.

O vereador disse que protocolou o pedido na condição de cidadão, como um coordenadores do movimento “Chega de Impostos”, que no ano passado fez diversas manifestações em Campo Grande em favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).