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Sidrolandia

Ainda se refazendo do trauma, nesta semana empresária deve dar mais detalhes sobre seu desaparecimento

A empresária ficou perdida entre o começo da noite de quarta-feira (14) até às 18h de sexta (16), quando foi encontrada debilitada por uma força-tarefa.

Flávio Paes/Região News

18 de Junho de 2017 - 21:32

A partir desta segunda-feira, à medida que se recompõe do trauma pelo qual passou até o início da noite de sexta-feira, quando foi localizada por uma força-tarefa perdida em meio a uma lavoura de milho, a empresária Thais Regina Souza Valadares, deve esclarecer todos os detalhes sobre seu desaparecimento por dois dias.

Os próprios familiares mantém uma posição cautelosa sobre muita coisa que ela tem dito desde que voltou para casa. Ela disse, por exemplo, que durante o período em que ficou perdida, foi picada por uma cobra, chegou a pedir ajuda a um “japonês” que teria ignorado seu pedido de socorro.

"Minha irmã estava muito debilitada. Ainda não sabemos se as coisas que ela diz aconteceram ou se fazem parte de um delírio por conta de seu estado. Não há, por exemplo, sinais de que ela foi picada por cobra”, admite Silvia Valadares, irmã da empresária.

A empresária ficou perdida entre o começo da noite de quarta-feira (14) até às 18h de sexta (16), quando foi encontrada debilitada por uma força-tarefa integrada por Bombeiros, Polícias Militar e Civil, que contou com a ajuda de cães farejadores e até de um helicóptero.

Ela foi internada no hospital Elmiria Silvério Barbosa, onde se submeteu a exames e por volta das 11 horas da manhã de sábado teve alta para retornar a Campo Grande, onde mora. Passou a madrugada chorando e só se acalmou quando conseguiu falar com seu filho, de 13 anos, que acompanhava as buscas. “De manhã ela conseguiu um celular, pediu para falar com a família, não conseguia dizer nada, só escutava, chorando bastante. Só acalmou quando conversou com o filho”, disse Sílvia.

Ainda abalada após tudo que aconteceu, Thais tem contado com o carinho e a atenção da família para se recuperar e retomar sua rotina.

Ainda no sábado, em entrevista à TV Morena, ela agradeceu o apoio da população e mostrou ansiedade para rever o filho de 13 anos. “Eu estou meio confusa, algumas coisas [estão] confusas ainda, mas estou bem, graças a Deus, minha família e meus amigos e Deus acima de tudo conseguiram me ajudar”, afirmou a empresária, já de volta a Campo Grande.

Ela descreveu como “desesperadora” a sensação de ficar perdida em meio a uma lavoura de 11 mil hectares, com medo do ataque de cobras e até de onças que são comuns na região. “É um desespero. Tive muita sede, muita sede e... sol. Nossa! Não tenho nem o que falar agora. Quero ver meu filho, minha família, minha irmã, meus amigos”. Nos dois dias não se alimentou e teve que saciar a sede com água da chuva acumulada na área brejosa onde permaneceu.

Segundo o tenente bombeiro militar, Antônio Carlos Marcos Fernandes, que comandou a equipe de busca, a primeira reação dela ao ser abordada foi de repelir a equipe que precisou de paciência e muita argumentação para quebrar esta resistência inicial.

“O tempo estava jogando contra nós e ela”, disse. “Não tínhamos nenhum ponto de referência de onde ela pudesse estar. São 120 quilômetros possíveis até a fazenda do namorado, um raio muito grande de busca, em mata fechada, sem visibilidade adequada. Por isso a prioridade era encontrar o veículo e desta forma delimitar o espaço para o trabalho”, concluiu.

Desaparecimento

Thais saiu da Capital por volta das 16h de quarta, passou pelo Supermercado Nutri Shopping onde fez compras. Foi ao encontro do namorado que trabalha numa fazenda em Maracaju. Na altura da região do Piqui (a 35 quilômetros do centro da cidade) tentou fazer o mesmo percurso até a propriedade, mais não pode seguir adiante porque parou numa ponte interditada por causa do risco de desabamento. Acabou se perdendo numa rota alternativa e atolou o carro. 

Na primeira noite, a de quarta-feira, ela dormiu dentro do Gol vermelho. Logo pela manhã do dia seguinte, decidiu seguir a pé para pedir ajuda. Escolheu uma trilha e acabou ficando perdida.

A empresária ficou rodando em círculos durante toda a quinta-feira e o seu quadro de diabetes, aliada à falta de alimentação e ingestão de líquido deixou a saúde dela fragilizada. Por isso, não conseguiu retornar ao carro.

"A situação de pânico e a busca por socorro fazem com que o amento da pessoa fique prejudicado e ela passa a tomar medidas equivocadas", explicou o oficial.