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Sidrolandia

Dia de "branco" para índios

Antigamente, bem antes de Baby Consuelo virar Baby do Brasil e cantar "todo dia era dia de índio... mas agora ele só tem o dia 19 de abril",

Redação de Noticia

19 de Abril de 2010 - 08:30

Antigamente, bem antes de Baby Consuelo virar Baby do Brasil e cantar "todo dia era dia de índio... mas agora ele só tem o dia 19 de abril", a galera nativa tinha todos os dias ao seu dispor. Vivia em harmonia com a natureza, realmente fazia parte dela caçando, pescando... Às vezes sendo caça, sim, porque faz parte do equilíbrio. Dormindo, brincando, vivendo, gozando a plenitude da vida. Sem roupas porque não tinham nem precisavam ter vergonha de sí próprios.

Sem estragar nada, sem poluir, sem destruir, desviar rios, manipular átomos nem tentar virar criadores pois entendiam que sempre, no fundo, serão apenas criação. Sem desejo insano, chamado de ganância, de armazenar riquezas. Não precisavam desses maus costumes de "branco".

Sem ter ciência acumulada, tinham sabedoria natural. Compreendiam, instintivamente, que tudo era de todos, todos os dias, à disposição de todos, o tempo todo. Estava tudo sempre ali, à mão, bastava caçar, pescar, subir na árvore e pegar alimento, enfeites, jóias, usufruir das piscinas realmente naturais dos rios lagos ou mares, sem imitações.

Daquele tempo que todo dia era dia de índio, só restou este dia 19 de abril em que eles não têm o que nem porque comemorar. Essas comemorações que se vê aqui e acolá são coisas de "branco", como, obviamente, a própria data em sí. Pois índio não precisa de data. Eles tinham tudo, inclusive o tempo todo era deles. Mas por terem suas terras invadidas por estes que querem tudo e nunca estão satisfeitos com nada,  aqueles perderam até a identidade.

Vivem travestidos nas roupas esquisitas dos invasores, tentando sobreviver da caridade destes, ou, em raros casos, tentando ser imitar seus algozes, sem saber ao certo o que são. Vão, enfim, fingindo viver, como espécie de zumbis.

Como não dá para parabenizar quem não tem o comemorar, fica aqui minha homenagem neste Dia do Índio inventado por brancos para essa gente boa que, se não fosse os tais inventores da data, não precisaria desse dia emprestado, pois tinha todos os dias.