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ECONOMIA

Avicultores de Sidrolândia reclamam de prejuízo e vão cobrar da Seara reajuste

Pelos cálculos da Associação dos Avicultores, embora esta não seja uma regra geral, há produtores tendo prejuízo ou com margens de lucros irrisórios.

Flávio Paes/Região News

14 de Outubro de 2013 - 10:19

Foto: Marcos Tomé/Região News

Avicultores de Sidrolândia reclamam de prejuízo e vão cobrar da Seara reajuste

Aviário de uma das propriedades rurais visitas pela reportagem do Região News

Além de estar em processo de negociação salarial com os funcionários, a Seara que em agosto teve seu controle acionário assumido pelo Grupo JBS, terá também de lidar com reivindicações por reajuste dos seus fornecedores: os 170 avicultores que garantem a matéria-prima necessária para o frigorífico abater diariamente 160 mil cabeças de frango.

Pelos cálculos da Associação dos Avicultores, embora esta não seja uma regra geral,  há produtores tendo prejuízo ou com margens de lucros irrisórios, em torno de R$ 3 mil por lote de frango. O custo chega a R$ 42 mil para engordar um lote que rende aos produtores R$ 45 mil brutos.

Tomando como custo de construção de um aviário, em torno de R$ 1 milhão, esta margem corresponde a uma rentabilidade de 0,3% ao mês do investimento, inferior ao rendimento da poupança (que é de 0,5%). “Está margem  de lucro toma como referência o avicultor que fez financiamento e ainda está pagando ao banco”, explica o vice- presidente da Associação dos Avicultores de Mato Grosso do Sul, produtor, Adroaldo Hoffmann.

Ele é dono de 10 aviários na região de Três Barras, zona rural de Campo Grande, com capacidade para alojar 260 mil frangos. Não há uma tabela única para todos os produtores que recebem da empresa os pintinhos e a ração.  Recebe mais quem consegue devolver maior volume de carne, ou seja, produzir frangos com maior peso.

Não há  desconto do valor pago ao produtor no caso da mortalidade dos animais superar 4% de cada lote que variam  de 19 a 26 mil cabeças, conforme o tamanho do aviário. Ele reconhece que houve uma queda de 6,8% no peso médio dos frangos entregues para abate (de 2,9 quilos para 2,7 kg) e crescimento da  mortalidade, havendo casos de lotes em que mais de 20% dos pintinhos morreram ainda na fase de engorda.

Adroaldo isenta o produtor de responsabilidade e atribui à falha de gestão do antigo controlador da Seara, a Marfrig. “Este pessoal judiou do produtor. Eles erraram na mão, entregaram  animais com pior genética, ração de qualidade inferior. O resultado foi à queda na produtividade. Nossa expectativa é que a nova direção sob o comando do Grupo JBS, mude esta situação”, avalia Adroaldo.

Ele lembra que por conta das dificuldades, 70 avicultores deixaram a parceria com a Seara, alguns abandonaram a atividade e uma parte (em torno de 25) da região do Capão Bonito, agora estão com a unidade de Dourados da BRF (Brasil Foods).  A produção do frigorífico caiu de 190 mil para 160 mil frangos abatidos diariamente. O projeto de dobrar o volume de abate se arrasta há três anos, depois da Prefeitura ter adquirido uma área de 11 hectares para abrigar a expansão.

Custo alto

Mesmo para produtores como Edes Tadeu, dono de seis aviários numa propriedade de 40 hectares na saída para Nioaque, com aviários de melhor padrão (com climatização) o preço pago pela Seara não é remunerador. O faturamento bruto do último lote (R$ 42 mil) foi menor que o obtido em 2005, quando chegou a receber R$ 45 mil.

Pelos seus cálculos este lote de 63 mil frangos, lhe deu um prejuízo  de R$ 9 mil, considerando os R$ 21 mil que pagou da parcela do  financiamento  de R$ 750  mil para a construção de um dos aviário. “O problema foi maior porque 11% dos pintinhos não vingaram, morreram no processo de engorda”, explica.

Para cuidar seus aviários, Edes emprega duas  famílias, que recebem R$ 1.300, mais 6% do faturamento do lote (R$ 2.520,00), livre de aluguel, água e luz, além de ter direito a 20 frangos para consumo. A Associação dos Produtores tem uma planilha em que demonstra exatamente como chegou ao custo médio de R$ 43 mil por lote de frango.

Este valor computa R$ 21 mil da parcela do financiamento, que será pago em 15 anos, feito para a construção do aviário; R$ 3.500,00 de medicamentos; R$ 5 mil de energia elétrica; R$ 5 mil de mão de obra; R$ 1 mil  de contribuição do INSS; R$ 2 mil  para as despesas com óleo diesel e R$ 5.500 mil para lavagem e fermentação dos aviários, além do seguro. Há queixas também contra o excesso de descontos da Seara.