Economia
Com produtividade abaixo da média estadual, Sidrolândia, fica só com a 4ª produção de milho de MS
Mato Grosso do Sul deve produzir em 1,433 milhão de hectares, 6,9 milhões de toneladas de milho, 80 sacas por hectares
Flávio Paes/Região News
07 de Agosto de 2013 - 07:33
Foto: Flávio Paes/Região News
Embora tenha registrado a segundo maior área do Estado (135 mil hectares, superada apenas por Maracaju, com 190 mil hectares), a última estimativa do IBGE é de que Sidrolândia fique com a quarta maior produção estadual de milho safrinha que ainda está sendo colhido.
A estiagem na fase de desenvolvimento da planta e a geada quando a colheita já tinha começado, diminuiu em 8,75% a média de produtividade esperada para o município. Mesmo assim, este rendimento é superior ao da safra passada, quando se alcançou 64 sacas por hectare. Mato Grosso do Sul deve produzir em 1,433 milhão de hectares, 6,9 milhões de toneladas de milho, 80 sacas por hectares.
Em Sidrolândia, ao invés da colheita de estimadas 80 sacas por hectare, a projeção agora é obter 73 sacas, sete sacas a menos que o rendimento em nível estadual. Foi superada por Dourados e Ponta Porã, que apesar de terem áreas plantadas menores que a do município, produziram mais porque obtiveram produtividade maior (respectivamente, 84 e 90 sacas por hectare). Maracaju, líder estadual em área plantada (190 mil hectares) e produção deve superar 1 milhão de toneladas (1.022.500) colhidas, com 89 sacas por hectare.
Se confirmada esta estimativa do IBGE, divulgada no início da semana, os produtores sidrolandenses vão colher 591.300 toneladas (produção maior que a de 2012 que atingiu 426.176/t), mais abaixo da projeção inicial de 648 mil toneladas. Dourados com 123 mil hectares cultivados, deve colher 623 mil toneladas e para Ponta Porã, com 120 mil hectares, a expectativa é a colheita de 648 mil toneladas. O impacto da seca e da geada sobre a produtividade varia conforme a região da propriedade.
Grandes produtores como Lúcio Basso tiveram queda de 28% em relação à produtividade em sua Fazenda Recanto, na saída para Nioaque. Na safra passada obteve 105 sacas por hectare, na atual, sua expectativa é alcançar 75 sacas na sua lavoura de 2.700 hectares.
Ele calcula que as geadas comprometeram 10% da área total, aproximadamente 270 hectares. O Sindicato Rural calcula que 3.500 hectares, 2,59% do total, tenham sido atingidos pela geada. Outra preocupação dos produtores é com a queda dos preços do milho.
Em quatro meses, a cotação caiu 15,78%, passando de R$ 19,00 no mês de abril, para R$ 16,00, abaixo do preço mínimo, fixado em R$ 17,46. Quem alcançou produtividade de 75 por hectare, vendendo neste preço, terá um faturamento bruto de R$ 1.200,00, um prejuízo de R$ 200,00, levando-se em conta que o custo médio de produção foi de R$ 1.400,00.
A alternativa, de quem tem alguma reserva financeira para pagar os custos, é segurar o milho na expectativa de reação do mercado. O produtor Antenor Carissini, que plantou 600 hectares (450 arrendados), com lavoura nas cercanias da cidade, já tem na ponta do lápis os prejuízos. Depois de obter na safra passada 97 sacas, nesta fase inicial tem colhido em média 65 sacas.
Se fosse vender o milho ao preço atual, teria um prejuízo de R$ 198,00 por hectare, já que obteria R$ 1.202,00, enquanto suas despesas de plantio somaram R$ 1.400,00. Diante deste quadro, vai vender o estoque de soja que reteve da safra 2012-2013 para pagar suas contas e espera que o grão atinja pelo menos R$ 22,00 em outubro ou novembro, para aí, comercializar a produção, com uma margem de lucro entre R$ 30,00 e R$ 50,00 por hectare.
Em janeiro de 2012, o milho chegou a ser vendido a R$ 23,32. O produtor já se acostumou com esta oscilação de produtividade do milho safrinha. Em 2010, por exemplo, o senhor Antenor, obteve 98 sacas por hectare. No ano seguinte, a seca reduziu este desempenho em 65%, com a colheita de 35 sacas. O prejuízo foi compensado porque a cotação do milho chegou a R$ 25,00.
Em 2011 ampliou de 440 para 500 hectares sua área plantada, como o tempo ajudou, sua produtividade saltou de 60 para 70 sacas por hectare. Ano passado plantou 600 hectares e obteve 97 sacas por hectare. A estiagem também prejudicou grandes produtores, embora numa escala menor, já que tem recursos para usar melhores técnicas de plantio.
Queda
As cotações do milho seguem em forte queda no Brasil, especialmente nas praças produtoras, apontou nesta terça, dia 6, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Considerando a série histórica do Cepea das regiões do Paraná e do Centro-Oeste, em termos reais (deflacionada pelo IGP-DI de junho de 2013), os atuais preços do milho têm se aproximado dos menores patamares em 14 anos.
Segundo pesquisadores do Cepea, a colheita da segunda safra foi satisfatória, problemas logísticos e de qualidade do cereal brasileiro, aliados ao ritmo de produção aquecido nos Estados Unidos e na Argentina têm intensificado as baixas.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços baixaram quase 9% em julho tanto no mercado de balcão (recebido pelo produtor) quanto no de lotes (negociações entre empresas com o produto limpo e seco). No curto prazo, os valores do milho nos portos também têm reduzido. Em julho, as quedas nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP) superaram os 11%.
Esse cenário pode dificultar possíveis reações nos preços nas regiões produtoras. Para agravar a situação, os preços nas bolsas de futuros também estão em queda. O pequeno alívio pode vir das exportações brasileiras de milho, que começaram a reagir em julho, apesar de ainda serem menores que as de julho de 2012.
Ranking da produção milho safrinha
1) Maracaju - Produção de 1.022.500,00 toneladas (89 sacas por hectare)
2) Ponta Porã Produção de 648 mil toneladas (90 sacas por hectare)
3) Dourados Produção 633 mil toneladas (84,5 sacas por hectare)
4) Sidrolândia 591.300 toneladas (73 sacas por hectare).