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Economia

Estiagem reduz produtividade em 30% e produtor segura milho para esperar reação no preço

Uma estimativa mais conservadora projeta uma produção de 453.600 toneladas, um pouco acima da obtida ano passado, que foi de 426.176.

Flávio Paes/Região News

13 de Julho de 2013 - 08:55

Com a quebra média de 30% da produtividade, em função da falta de chuva no período de desenvolvimento do grão, a produção de Sidrolândia do milho safrinha, que se prenunciava recorde por conta do incremento da área plantada (de 110 mil para 135 mil hectares) vai ficar abaixo dos 648 mil toneladas estimadas pelo IBGE.

Uma estimativa mais conservadora projeta uma produção de 453.600 toneladas, um pouco acima da obtida ano passado, que foi de 426.176, bem acima das 255 mil toneladas da safra 2011, quando a área plantada foi de 82 mil hectares. Ao invés de 80 sacas por hectare, projetada esta quebra para o conjunto dos produtores, significa que ao término da colheita, eles terão obtidos 56 sacas por hectare.

Como o custo de produção por hectare ficou em torno de R$ 1.400,00, se o agricultor vender a saca de milho a R$ 18,50 (preço de hoje) obterá R$ 1.036,  portanto ficaria no prejuízo,  já que está cotação só  corresponde  74% das suas despesas de custeio. Apenas 5% da área plantada já foi colhida e o nível de perda não é uniforme, variando  conforme índice pluviométrico  da região onde a propriedade está localizada.

O produtor Antenor Carissini, que plantou 600 hectares (450 arrendados), com lavoura nas cercanias da cidade, já tem na ponta do lápis os prejuízos. Depois de obter na safra passada 97 sacas, nesta fase inicial tem colhido em média 65 sacas. Se fosse vender o milho ao preço atual, teria um prejuízo de R$ 198,00 por hectare, já que obteria R$ 1.202,00, enquanto suas despesas de plantio somaram R$ 1.400,00.

Diante deste quadro, vai vender o estoque de soja que reteve da safra 2012-2013 para pagar suas contas e espera que o grão atinja pelo menos R$ 22,00 em outubro ou novembro, para aí, comercializar a produção, com uma margem de lucro entre R$ 30,00 e R$ 50,00 por hectare. Em janeiro de 2012, o milho chegou a ser vendido a R$ 23,32.

O produtor já se acostumou com esta oscilação de produtividade do milho safrinha. Em 2010, por exemplo, o senhor Antenor, obteve 98 sacas por hectare. No ano seguinte, a seca reduziu este desempenho em 65%, com a colheita de 35 sacas. O prejuízo foi compensado porque a cotação do milho chegou a R$ 25,00.

Em 2011 o ampliou de 440 para 500 hectares sua área plantada, como o tempo ajudou, sua produtividade saltou de 60 para 70 sacas por hectare. Ano passado plantou 600 hectares e obteve 97 sacas por hectare. A estiagem também prejudicou grandes produtores, embora numa escala menor, já que tem recursos para usar melhores técnicas de plantio.

É o caso do produtor Lúcio Basso, que ampliou de 2.500 para 2.700 a área  plantada e  projeta queda superior a 15% na produtividade de sua lavoura. Ao invés de 115 sacas por hectare, estima colher 95 sacas. Para escapar do prejuízo, vai armazenar a produção até que os preços de mercado. As empresas de armazenagem estão se preparando  para estocar está produção que começa a chegar.

A Meta Armazém Gerais, por exemplo, tem capacidade para receber 372 mil sacas, mas só há espaço para 189 mil sacas porque ainda há 183 mil sacas de soja que os produtores  estão retendo na expectativa de que o preço atinja R$ 70,00 (hoje está em R$ 60,00). Segundo o gerente, Jesse Leandro, a capacidade será ampliada em mais 124 mil sacas, com a ativação de dois novos silos. Outra alternativa é o uso de 80 silos beg, cada um capacidade para 3 mil.

A Cerealista Anzibas que ainda tem soja armazenada em 79 silos, em 2012 estocou 435 mil sacas de milho em 290 begs. Nesta safra deve armazenar no mesmo sistema, 870 mil sacas. A capacidade de armazenagem do município foi ampliada com os silos que o empresário Algacir Abreu construiu na saída para Campo Grande, com capacidade para receber 70 mil sacas.