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Economia

Pagamento de 13º injeta R$ 106 mi e vai para pagamento de dívida à diversão

De acordo com Alcides Ribeiro, o ideal é que o 13º salário fosse pago em parcela única no mês de dezembro. “Para passar um fim de ano "gordinho"”.

Campo Grande News

21 de Agosto de 2013 - 15:53

A primeira parcela do 13º salário de aposentados e pensionistas aporta, a partir de 26 de agosto deste ano, em Mato Grosso do Sul e terá destinos que incluem pagamento de dívidas, diversão e poupança. Conforme os dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a injeção na economia será de R$ 106 milhões, valor pago a 248.394 pessoas até 6 de setembro.

O uso do dinheiro extra já foi definido por Paulo Henrique da Silva Leão, 47 anos, aposentado por invalidez. “Quitar alguma coisa e passear com as patricinhas”, afirma. Ele conta que, por resistir ao assédio para o empréstimo consignado, tem maior controle das finanças. “Ficam toda hora telefonando, propondo empréstimo”, conta.

O aposentado José Torres, de 81 anos, vai pôr em prática uma conduta já adotada há anos: poupar dinheiro. “Vou tirar um pouco para gastar e um pouco vai para a poupança”, diz. Ele conta que a postura de não gastar mais do que ganha já resultou até na compra de um veículo.

“Moro com os meus três filhos, um rapaz e duas moças, todos funcionários públicos. Não gasto nada”, afirma, sobre o como consegue manter as finanças em dia.

No entanto, a realidade passa longe da situação econômica da maioria. Segundo o presidente da Federação das Associações dos Aposentados e Pensionistas de Mato Grosso do Sul, Alcides dos Santos Ribeiro, é grande o percentual de segurados que precisam recorrer ao financiamento com desconto em folha.

“Tem quatro, cinco empréstimo em cima. Quem ganha R$ 678, acaba recebendo R$ 300 e pouco”, salienta. Ele explica que logo que se abre margem para novo empréstimo, o aposentado acaba ficando mais endividado. “Pode ser legal, mas é imoral”, avalia.

De acordo com Alcides Ribeiro, o ideal é que o 13º salário fosse pago em parcela única no mês de dezembro. “Para passar um fim de ano 'gordinho'”.

Economista da Fecomércio (Federação do Comércio), Regiane Dedé de Oliveira aconselha a usar o dinheiro a mais para saldar dívidas, principalmente do cartão de crédito e cheque especial. “Estamos em agosto, a próxima data comercial é em outubro, o Dia das Crianças. O que movimenta o comércio são as datas comemorativas”, afirma.

Investir no fim das dívidas se mostra uma medida ainda mais acertada quando se leva em consideração o índice endividamento das famílias no Estado, que chega a 63,9%. “São 34,6% com as contas em atraso. Em julho de 2012, eram 20%. É uma diferença significativa”, diz a economista. Com o pagamento, o consumidor também consegue liberar crédito para futuras aquisições.

Ao todo, com o reforço da primeira parcela do 13º salário, o INSS vai pagar R$ 360.678.590,40 a 331.831 pessoas. Não haverá desconto de Imposto de Renda nesta primeira parcela. De acordo com a legislação, o imposto sobre o 13º só é cobrado em novembro e dezembro, quando será paga a segunda parcela da gratificação natalina.

Não tem direito ao salário extra os segurados que recebem benefícios da Loas (Lei Orgânica da Assistência Social). Situação do aposentado Pedro Rodrigues, de 67 anos, “Infelizmente, pra mim não chega”, diz.