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Esporte

Antes do UFC na Argentina, Ponzinibbio admite saudades: "O que mais pesa são os afetos"

O meio-médio do UFC volta às origens depois de muitos anos longe da terra natal.

Combate.com

17 de Novembro de 2018 - 07:22

Na Argentina, nada de futebol nesse sábado, dia 17. Nem Boca Juniors, nem River Plate. O país dá uma pausa na expectativa pela final da Libertadores e volta os olhos para o octógono do UFC pela primeira vez. E com um gosto especial para o lutador Santiago Ponzinibbio. O meio-médio do UFC volta às origens depois de muitos anos longe da terra natal.

- Quando você fica muitos anos fora de casa, você vai se acostumando com muita coisa, mas o que mais pesa são os afetos. Os anos passam, a família está longe, muitos amigos também, e os afetos são o que mais fazem falta, não poder participar do dia a dia. Claro que tento estar presente, mas o afeto é o que mais pesa - disse Santiago com exclusividade ao Combate, numa entrevista gravada no Puerto Madero, um dos principais pontos turísticos de Buenos Aires.

Número 10 do ranking da categoria até 77kg, Ponzinibbio faz a luta principal do UFC Buenos Aires contra o americano Neil Magny. O adversário é o oitavo da mesma lista no peso-meio-médio. O lutador argentino espera que esse evento de estreia no país possa ajudar a desenvolver o MMA na Argentina.

- Desde que fui embora, venho sempre dar seminários, todos anos, e vejo o crescimento. O pessoal cada vez conhece mais, tem sempre mais academias, o reconhecimento na rua é cada vez maior, a gente bate foto, é bem maneiro, bem lindo tudo isso. O esporte cresce constantemente, acredito que esse evento aqui na Argentina vai ser um pontapé muito importante para o crescimento do esporte. Que continue crescendo, que apareçam mais eventos, que os meninos queiram entrar no UFC, que comecem a competir mais. Acho que isso faz a pessoa sentir que cada vez é mais possível chegar lá.

Santiago Ponzinibbio treina na equipe American Top Team, na Flórida, nos EUA, e a viagem para Buenos Aires valeu para matar as saudades, atender os fãs, e lembrar de como tudo começou, a cerca de 50km dali, em La Plata.

- Naquela época eu jogava rúgbi, joguei muitos anos. Eu ia na academia fazer musculação e tinha uma aula de kickboxing, e olhei o muai thay e me chamou muita a atenção. O que é isso, muai thay? E na outra vez que voltei, fiz uma aula recreativa e adorei. Me colocaram para bater no saco. E assim que eu comecei, em uma aula de muai thay na academia e fui gostando cada vez mais, e fui treinando kickboxing também. Levei um pouquinho mais a sério, fiz uma luta recreativa, e começou o vale tudo, uma novidade. A gente olhando (Royce) Gracie, (Rodrigo) Minotauro, aquela época do Pride. Tudo isso despertou muita curiosidade na gente. E tinha gente querendo imitar aqui, fazendo uns eventos de vale tudo, então comecei a treinar com um grupo de amigos e comecei a competir aqui.

Apesar de a Argentina ser a sua casa, foi no Brasil que Ponzinibbio encontrou uma oportunidade de crescer como lutador. O primeiro destino foi Santa Catarina.

- Fui na primeira vez para Floripa, no Sul do Brasil, com a ideia de buscar conhecimento, sabia que aqui era tudo muito cru. Entre treinar na minha cidade ou aqui (em Buenos Aires) a diferença era mínima, então quis dar um passo sério: vou para o Brasil. Fui sem nada, sem recurso, duas camisas, duas calças, uma barraca...

O argentino participou do TUF Brasil 2 e foi responsável por uma das frases mais marcantes do reality: “Sou argentino, mas sou gente boa”.

- No início era cansativo, demorei um tempo para pegar o idioma e era muita necessidade junta também. Precisava de dinheiro, passei muito perrengue. Era tudo muito difícil para mim, não ficava com a família, com os amigos, com nada. Tudo me irritava muito, aprendi o idioma, aprendi um pouco a cultura, até me dar conta que é uma cultura bem parecida, temos mais coisas em comum para sermos amigos do que inimigos, é uma rivalidade imposta pelo futebol.

No TUF, o lutador de 32 anos chegou a conquistar a vaga para a final, em 2013, mas uma lesão na mão o tirou da decisão com William Patolino. Com o programa veio a mudança para o Rio de Janeiro, para treinar na academia de uma das lendas do MMA.

- Saí do reality show bem famoso no Brasil, recebi meu reconhecimento, consegui o contrato com o UFC, já ganhei um dinheiro com os bônus. Decidi ir para o Rio com o Minotauro, ele me abriu as portas da academia, me preparei ali para a primeira luta no UFC. Morei um tempo no Rio e depois decidi me mudar para os EUA, lá tem muitas escolas de wrestling e é um país que tem muita estrutura para tudo, é tudo mais simples, mais fácil - contou Ponzinibbio, que estreou no UFC com derrota para Ryan LaFlare. Hoje, ele soma oito vitórias e duas derrotas na organização.

Apesar da saudade de casa e da família, Ponzinibbio já escolheu um lugar para morar no futuro, depois que a vida de lutador terminar. E não é na Argentina.

- Florianópolis. Acho que eu voltaria a morar em Floripa, amo esse lugar, é muito bom, uma ilha muito linda.

Só que antes disso, tem muita luta pela frente. A série do argentino é de seis vitórias consecutivas nas últimas lutas. Seu último compromisso foi em dezembro de 2017, quando derrotou Mike Perry por pontos. Uma vitória contra Neil Magny pode deixá-lo próximo de lutar pelo título.

- Sem dúvidas, o cinturão do UFC é o meu objetivo, estou cada vez mais perto. Se Deus quiser, em 2019 vou lutar pelo título - concluiu.

O Combate acompanha o UFC Buenos Aires nesta sábado a partir de 22h (de Brasília), com transmissão na íntegra, além das duas primeiras lutas ao vivo também no SporTV 3 e no Combate.com.

UFC Buenos Aires
17 de novembro de 2018, na Argentina
CARD PRINCIPAL (1h, horário de Brasília):
Peso-meio-médio: Santiago Ponzinnibio x Neil Magny
Peso-pena: Ricardo Lamas x Darren Elkins
Peso-meio-pesado: Khalil Rountree x Johnny Walker
Peso-médio: Cezar Mutante x Ian Heinisch
Peso-galo: Guido Cannetti x Marlon Vera
Peso-palha: Cynthia Calvillo x Poliana Botelho
CARD PRELIMINAR (22h, horário de Brasília):
Peso-meio-médio: Michel Trator x Bartosz Fabinski
Peso-mosca: Alexandre Pantoja x Ulka Sasaki
Peso-pena: Humberto Bandenay x Austin Arnett
Peso-meio-médio: Laureano Staropoli x Hector Aldana
Peso-leve: Devin Powell x Jesús Pined
Peso-pena: Nad Narimani x Anderson Berinja