Esporte
Entre equilíbrio e raiva, Rafaela Silva tenta reencontrar sua melhor versão
Campeã mundial revê base do seu judô e faz trabalho psicológico para repetir na Olimpíada do Rio o excelente desempenho do seu título de 2013, também na cidade
Globo Esporte
09 de Junho de 2016 - 16:13
A medalha que já foi considerada praticamente certa virou ponto de interrogação. Rafaela Silva se transformou numa incógnita para a Olimpíada do Rio. A judoca peso-leve (57kg) se classificou sem sustos para os Jogos, mas seu rendimento recente deixa a dúvida no ar: veremos a Rafaela Silva campeã mundial em 2013 ou a versão que nos últimos tempos insiste em perder lutas consideradas fáceis?
Ninguém ignora o potencial da judoca, que vai para sua segunda participação olímpica, mas ela não tem apresentado resultados significativos em várias competições importantes. No World Masters de Guadalajara, no México, no fim do mês passado, foi eliminada logo na estreia. A carioca da Cidade de Deus não foi páreo para a francesa Helene Receveaux, que não estará nos Jogos do Rio, e deu adeus às chances de ficar no top 8 do ranking para ser cabeça de chave na Olimpíada.
Rafaela já foi número 1 da categoria e hoje é apenas a 14ª. Campeã mundial em 2013 no Rio, ela venceu o GP de Tbilisi este ano, mas vem perdendo combates para adversárias que não costumava perder, como a americana Marti Malloy, que a venceu nas duas últimas vezes que se encontraram.
- A gente está especificando cada vez mais os treinamentos, a parte física, a parte técnica, a parte de estudo de competição. Estou tendo uma oportunidade de poder representar o Brasil novamente numa Olimpíada. Fiquei muito feliz com meu resultado sendo campeã mundial em 2013, depois que me criticaram na Olimpíada (Londres 2012) e falaram que o judô não era para mim. E agora é tentar treinar e repetir o feito do campeonato mundial - disse a carioca, que foi eliminada dos Jogos de Londres após fazer uma catada de perna ilegal e sofrer com ofensas racistas nas redes sociais.
Treinar. Está aí algo que Rafaela precisou melhorar. A lutadora já reconheceu que não gosta muito da rotina de preparação e disse, inclusive, que quando foi campeã mundial não treinava nada perto do que treinou este ano.
- Depois do meu resultado em 2013, fiquei um pouco visada, então tive que modificar e refazer algumas coisas no meu judô para tentar surpreender minhas adversárias. Eu também faço trabalho psicológico para manter minha cabeça focada para ter um bom desempenho.
Além das questões físicas e técnicas, cuidar da cabeça virou prioridade. O acompanhamento psicológico faz parte da rotina da judoca.
- Faço algumas respirações, fico visualizando a luta mentalmente, elas (psicólogas) identificam como o atleta reage num momento de raiva, se consegue lutar bem ou não. Me dou bem com raiva. Tenho que pensar em coisas que me deixam com raiva, já que eu funciono assim. Me tirar um prato de comida me deixa com raiva frisou a atleta, que cursa Psicologia na faculdade.
Os próximos compromissos da seleção olímpica serão treinamentos de campo no Brasil e na Europa. A equipe masculina se reunirá em Pindamonhangaba, de 12 a 16 de junho, enquanto a feminina fará treinamento internacional em Perpignan, na França, no período de 10 a 18 de junho. As disputas do judô acontecem de 6 a 12 de agosto, na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico.




