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Esporte

Na sub-20, primo de Kaká sonha com ida ao Sul-Americano e título brasileiro

Com ajuda da "comidinha da mamãe", Higor, que vem sendo aproveitado por Abel no Flu, ganha chance na seleção de base que se prepara para torneio

Globo Esporte.com

24 de Outubro de 2012 - 15:44

As celebrações foram distantes, quase sem relação entre si. O mês de outubro, no entanto, foi de festa na família Leite. Na Europa, Kaká festejava o retorno em grande estilo à seleção brasileira, com gols sobre Iraque e Japão.

Já no Brasil, seu primo de segundo grau, de 19 anos, com quem nunca sequer falou, era chamado pela primeira vez para uma seleção de base da CBF. Convocado para um período de treinos na Granja Comary visando o Sul-Americano da categoria, em janeiro, na Argentina, Higor, do Fluminense, não conhece o parente famoso, apesar de tê-lo como inspiração para um futuro. A posição é a mesma, e os planos, ousados.

 - Não tenho contato com o Kaká. Nunca conversamos. Já falei com o pai dele. Meu pai (Carlos Alberto) é primo dele. Meus pais falam por telefone com os pais do Kaká, mas não com tanta frenquência. O cara voltou voando para a Seleção. Bem demais. Ele é muito bom, já foi o melhor do mundo. Me espelho nele. Espero que a minha carreira seja igual a dele. O Kaká foi o melhor do mundo. Eu também posso ser. Está nas mãos de Deus – disse Higor.

Apesar dos planos ambiciosos para a carreira, Higor, que nasceu em Campos Belo, Goiás, é tímido. Antes de conversar com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM, foi logo avisando, com um jeito sem graça, porém, simpático.

- Não gosto muito de entrevistas. Sei lá, simplesmente não gosto.

É bom, no entanto, Higor ir se acostumando aos jornalistas. Sua ascensão meteórica em 2012 leva a crer que o meia terá de conviver por muitos anos com o assédio. Em pouco mais de um ano, uma reviravolta na carreira. Dispensado pelo Inter – de quem não esconde mágoa - após três anos de serviços à base colorada, foi levado ao Fluminense por um ex-profissional do Colorado que foi trabalhar no clube carioca.

 - Falaram que não queriam mais contar comigo. Vim para o Rio. Depois, quiseram me levar de volta, mas eu quis ficar no Fluminense.

No Tricolor desde abril de 2011, logo se encontrou. Em janeiro, foi um dos destaques do time que chegou à decisão da Copinha. Em junho, ajudou os juniores do Fluminense a conquistar o título Carioca, marcando 15 gols – um deles, de falta (sua especialidade), na final contra o Nova Iguaçu.

- Sou um meia que chega muito para finalizar, tenho uma bola parada forte. Gosto de fazer gols. Hoje, meia precisa fazer gols.

Com o título estadual e o retorno de Lanzini ao River Plate, Higor foi promovido aos profissionais pelo técnico Abel Braga. Com contrato até dezembro de 2014, recebeu um reajuste salarial e se mudou para Copacabana com a família, após passar um ano sozinho em Xerém, no Centro de Treinamento da base do Fluminense. Promessa de dias melhores.

- Morei por um ano em Xerém. Viemos eu e Deus. Minha família ficou em Goiás torcendo por mim. Mas agora está tudo certo. Estou morando em Copacabana com meus pais. Vai melhorar. Com a comidinha da mamãe, vai ficar legal (risos).

Na seleção sub-20, Higor marcou um gol na goleada por 7 a 1 sobre o Madureira, em jogo-treino na Granja Comary, no último domingo, e recebeu elogios do técnico Emerson Ávila.

 - O Higor já faz parte do elenco profissional do Fluminense e tem muita qualidade. Espero que continue evoluindo e, quem sabe, possa estar conosco na lista final para o Sul-Americano – elogiou o treinador.

O sonho de estar na lista para o Sul-Americano sub-20 é real. Antes, porém, Higor busca outra realização: o título brasileiro de 2012, seu primeiro como profissional. Na competição, o meia disputou cinco partidas – geralmente entrando na fogueira, em jogos complicados. Ainda não fez gol, mas mostrou potencial.

 - Daqui, ficou acompanhando e torcendo pelos companheiros. A vontade de estar lá ajudando é grande. O Abel confia nos garotos da base. E estamos correspondendo à altura. Por isso, ele nos coloca para jogar. Em alguns jogos, não sou relacionado. Mas está bom. Só o fato de estar no profissional do Fluminense é uma coisa maravilhosa.

 A timidez garante, também não atrapalha a convivência com as estrelas do Fluminense.

- Os caras são “resenha”, viu? Na base é resenha para cá, resenha para lá. Mas no profissional é muito mais. Quando cheguei, pensei que eles não me dariam nenhuma moral. Mas me acolheram bem. Sempre converso com o Fred e com o Deco e espero aprender com eles, pois são os melhores do futebol brasileiro. O Edinho é o mais brincalhão, comédia. Ele está em todas as brincadeiras - revelou.

A convocação final será para o Sul-Americano será no início de dezembro. O grupo se apresenta no dia 10 na Granja Comary para iniciar a preparação. O torneio, que será realizado nas cidades de San Juan E Mendoza, na Argentina, começa no dia 9 de janeiro.