Pentacampeão da NFL, 49ers confiam em QB invicto para retornar às glórias

O torcedor do San Francisco 49ers ficou mal-acostumado no fim do século passado, quando a equipe conquistou cinco títulos da NFL entre 1981 e 1994 e se tornou o maior campeão da era Super Bowl (período iniciado em 1967; desde então, o Pittsburgh Steelers quebraria a marca com seis títulos no total). A franquia permaneceu competitiva até 1999, quando o quarterback e ídolo Steve Young se aposentou; a partir daí, viveu altos e baixos e chegou bem perto do título em 2013, apenas para ser derrotada na grande final e ver o time despencar dois anos depois. 

Nesta temporada de 2018, no entanto, há esperança novamente na Baía de São Francisco, de que o time vermelho e dourado possa retornar pelo menos aos playoffs e, quem sabe, até competir pelo título no futuro. Esta esperança está depositada principalmente nos ombros do jovem quarterback Jimmy Garoppolo, 26, que revitalizou a equipe na reta final do campeonato do ano passado e ainda não sabe o que é perder como titular na NFL. 

Garoppolo chegou a San Francisco em 31 de outubro de 2017, numa troca com o New England Patriots. Escolhido na segunda rodada do draft de 2014, o jogador vinha sendo cultivado como o potencial "herdeiro" de Tom Brady e impressionou a liga em 2016, quando recebeu a oportunidade de substituir o titular, suspenso por quatro jogos, no início da temporada. Contudo, com a insistência de Brady em prolongar sua carreira e a proximidade do fim do contrato de Garoppolo, os Patriots decidiram negociá-lo para não correr o risco de perdê-lo "de graça". 

Na Califórnia, "Jimmy G." encontrou um time que, apesar de contar com o prestigiado treinador Kyle Shanahan, vinha decepcionando e tinha apenas uma vitória em 10 jogos. O jovem quarterback tomou a posição de titular quando o calouro CJ Beathard sofreu uma lesão, e liderou o ataque a vitórias convincentes nos cinco jogos restantes na temporada. Com isso, elevou seu retrospecto a sete vitórias em sete partidas como titular na NFL, incluindo seus dois jogos como titular em New England. 

- Jimmy Garoppolo é um jogadoraço, é para valer. Ele é muito, muito bom. Não vi ainda uma boa comparação para ele, mas sabe qual é minha comparação? E não vou dizer que ele é tão bom quanto ele, porque é o melhor quarterback que já vi, mas ele joga um pouco como (Aaron) Rodgers (quarterback do Green Bay Packers, duas vezes MVP da liga). Sua habilidade de manter jogadas vivas ao sair do pocket, sua habilidade de manter os olhos no fundo do campo e jogar com precisão... - elogiou John Middlekauff, scout da NFL e anfitrião do podcast "3 & Out", numa análise publicada em sua conta no Twitter. 

A dúvida é se Garoppolo pode manter o rendimento impressionante agora que os adversários tiveram mais tempo para estudá-lo, e com pressão extra sobre seus ombros. O quarterback assinou um contrato de cinco anos no valor de US$ 137,5 milhões (cerca de R$ 531,7 milhões) com os Niners, o que lhe tornou o quarto jogador mais bem pago da NFL. 

"Eu quero ver como ele responde após uma derrota, e quanto os seus companheiros de equipe vão defendê-lo. Ele joga com alegria, e espero que isso continue, mesmo que ele agora tenha um contrato grande, com expectativas enormes", Cam Inman, repórter setorista dos 49ers no jornal "The Mercury News". 

O sucesso dos Niners, no entanto, depende de muito mais do que apenas Garoppolo, e a diretoria fez poucas contratações de peso para a temporada. Para suplementar o ataque aéreo com uma boa opção na corrida, a franquia contratou os running backs Jerick McKinnon, ex-Minnesota Vikings, e Alfred Morris, ex-Washington Redskins e Dallas Cowboys (McKinnon, no entanto, sofreu uma ruptura no ligamento cruzado anterior do joelho direito durante os treinos e está descartado para a temporada). Para a defesa, o principal reforço foi o cornerback Richard Sherman, campeão da NFL pelo Seattle Seahawks, um dos maiores rivais divisionais de San Francisco. Aos 30 anos de idade, porém, o veterano Sherman já levanta dúvidas sobre sua efetividade, e lidou com lesões na pré-temporada. 

- Nós todos sabemos como incrivelmente inteligente e sagaz ele é, e ele pareceu OK nos treinos antes de ter o problema no músculo posterior da coxa. A chave da defesa será o quão dominante DeForest Buckner, e talvez Solomon Thomas, podem ser para criar pressão no passe - analisa Inman. 

O otimismo dos fãs em São Francisco é comparável ao início da década, quando os times treinados por Jim Harbaugh chegaram a três finais de conferência consecutivas e a um Super Bowl. Os especialistas acreditam que 2018-19 pode trazer a primeira aparição dos Niners nos playoffs desde 2013-14, mas alertam os torcedores que o pentacampeão ainda está bem atrás de seus concorrentes na busca pelo Troféu Vince Lombardi. A conferência NFC, na qual a equipe está inserida, conta com o atual campeão Philadelphia Eagles e candidatos sérios ao título como Green Bay Packers, Minnesota Vikings, Dallas Cowboys, New Orleans Saints e Atlanta Falcons, e a divisão dos Niners inclui Los Angeles Rams, Seattle Seahawks e Arizona Cardinals, todos candidatos a avançar à pós-temporada. 

"Diria que (chances de playoff) são de 30%. A NFC é pesada, a tabela deles não é fácil. Para entrar nos playoffs na NFC, você tem que vencer 10 jogos. Não tenho certeza que eles têm elenco para 10 vitórias. Mas se Jimmy for estelar, os jogadores evoluírem e a comissão técnica corresponder, não é loucura pensar que eles entrariam", Middlekauff.