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Área alagada do Pantanal cai 61% em 35 anos, aponta MapBiomas

Levantamento analisou área coberta por água e campos alagados de 1985 a 2023. Desde 1985, bioma perdeu 3,5 milhões de hectares de água.

G1 MS

12 de Novembro de 2024 - 08:44

Área alagada do Pantanal cai 61% em 35 anos, aponta MapBiomas
Cegonhas Jaburu pousam em ninho próximo a área queimada por incêndios no Pantanal, no parque Encontro das Águas, em Poconé (MT), em foto de 17 de novembro de 2023. Foto: AP Photo/Andre Penner

A área alagada do Pantanal diminuiu 61% entre 1985 e 2023, uma queda acompanhada por períodos de seca mais prolongados e cheias cada vez mais curtas, o que tem favorecido também incêndios mais intensos, mostra um estudo inédito do MapBiomas divulgado nesta terça-feira (12).

Em 2022, por exemplo, a área alagada do bioma foi de 3,3 milhões de hectares, 38% menor do que em 2018, ano da última grande cheia, que cobriu 5,4 milhões de hectares. Além disso, segundo o levantamento, a duração das áreas alagadas também caiu. Regiões que antes ficavam submersas por mais de três meses secam agora mais rapidamente.

Hoje, cerca de 22% da área de savana do Pantanal, que soma 2,3 milhões de hectares, vem de locais que se tornaram secos. E essa alteração no ciclo de secas e cheias aumenta as queimadas. Entre 1985 e 1990, os incêndios aconteciam em áreas em transição para pastagem. Após 2018, as queimadas tornaram-se mais comuns perto do Rio Paraguai. Já entre 2019 e 2023, o fogo atingiu 5,8 milhões de hectares, incluindo locais antes permanentemente alagados.

“A frequência de incêndios está associada tanto à vegetação de campo quanto aos longos períodos de seca”, explica Mariana Dias, do MapBiomas.

O relatório aponta ainda que em 1985, 22% das terras da Bacia do Alto Paraguai (BAP), que inclui os biomas Cerrado e Amazônia e é essencial para a hidrologia do Pantanal, tinham uso humano.

Em 2022, esse percentual chegou a 42%. Hoje, 83% do uso humano está concentrado no planalto da BAP. De 1985 a 2023, 5,4 milhões de hectares foram convertidos para pastagem e agricultura, dos quais 2,4 milhões eram florestas e 2,6 milhões eram savanas.

Já na planície, a perda de vegetação natural foi menor, mas ainda significativa. Entre 1985 e 2023, 1,8 milhão de hectares foram desmatados, incluindo campos alagados e vegetação de savana. As pastagens exóticas aumentaram de 700 mil para 2,4 milhões de hectares, com mais da metade desse crescimento nos últimos 23 anos.