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Chuva em época de cheia no Pantanal está 17% abaixo da média

Boletim divulgado neste mês pelo Serviço Geológico do Brasil mostrou que, de novembro de 2024 a maio deste ano, volume de precipitação foi menor.

Correio do Estado

20 de Junho de 2025 - 14:02

Chuva em época de cheia no Pantanal está 17% abaixo da média
Seca no Pantanal de Mato Grosso do Sul foi acima da média no período que deveria ter sido chuvoso; inverno é de estiagem - Foto: Rodolfo César

O período de estiagem no Pantanal, iniciado entre 2019 e 2020, dá sinais de que ainda persiste no território. Quando era para haver chuva na região, entre dezembro e março, o registro pluviométrico medido teve deficit de precipitação.

Esses dados constam na última avaliação feita pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), que identificou que o volume total de precipitação entre novembro de 2024 e maio deste ano ficou 17% abaixo da média histórica, no período entre 2001 e 2025. O boletim foi divulgado neste mês.

Desde que os níveis de chuva começaram a ficar abaixo da média histórica no Pantanal, diferentes reflexos acabaram sendo gerados. O que causou mais impacto foram os aumentos dos incêndios florestais, registrados em 2020 e 2024.

Em 2020, mais de 20% do território acabou queimado, enquanto, no ano passado, em torno de 17% do território acabou atingido pelos incêndios.

Por conta desse contexto, não haver volume de chuva dentro da média acende alertas. Com a chegada do inverno hoje, às 22h42min (horário de MS), a redução das chuvas fica mais latente, o tempo fica mais seco e a umidade do ar também fica reduzida.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) gerou orientação sobre as condições de seca.

"No Centro-Oeste, as bacias afluentes às estações de medição fluviométrica de Ladário e Porto Murtinho, localizadas às margens do Rio Paraguai, continuam em condição de seca hidrológica excepcional. Ressalta-se que a condição de seca excepcional nessa região se mantém de forma sistemática desde fevereiro de 2024".

O que há de ponderação nessas análises de dados é que ainda que não houve chuva em condições normais na comparação com a média histórica. Mesmo assim, o índice pluviométrico deste ano vem contribuindo para gerar um certo alívio, se comparado ao que houve de estiagem em 2024.

Além dos níveis dos rios, as chuvas favorecem para que o solo reponha a umidade perdida. Esse fator, inclusive, é condição de alerta, pois pode favorecer ou dificultar a proliferação de incêndios florestais.

"Na parte hidrológica, abordando sobre como a umidade do solo está se comportando, a gente observa a cor vermelha no mapa onde o solo perdeu mais umidade do que recebeu. Como devemos interpretar isso? Nós estamos em uma situação de seca de longo período, de no mínimo um ano", detalhou Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações do Cemaden, durante reunião da Sala de Crise do Alto Pantanal.

"Porém, nos últimos meses, a gente observou que essa seca, do ponto de vista da umidade do solo, teve uma pequena melhora, mas tudo isso inserido na situação de forte evapotranspiração", completou.

Nesses dados mais recentes, analisados pelo SGB, contextualizado com as avaliações feitas pelo Cemaden e pela Agência Nacional da Águas (ANA), as medidas de prevenção aos incêndios devem se manter reforçadas.

"A Bacia do Rio Paraguai registrou um acumulado de 10 mm de chuva [na primeira semana de junho]. No período de novembro de 2024 a maio de 2025, o volume total de precipitação foi 17% inferior à média histórica registrada entre 2001 e 2025. O trecho do Rio Paraguai entre Barra do Bugres [MT] e Porto Murtinho [MS], incluindo a estação de Ladário, apresenta níveis dentro da faixa de normalidade para esta época do ano", analisou o Serviço Geológico do Brasil.

"As projeções dos modelos GEFS indicam previsão de 4 mm de chuva nos próximos 15 dias. Caso esse cenário se confirme, é esperado que os níveis dos rios permaneçam estáveis nas estações de Ladário, Forte Coimbra e Porto Murtinho", continuou o SGB.

BRIGADA PERMANENTE

O cenário futuro, que ainda sugere perigo para incêndios florestais no Pantanal, vem sendo enfrentado pelas autoridades com ações preventivas que não foram tomadas em anos anteriores. O governo federal está mantendo, de forma permanente, 45 brigadistas atuando em Corumbá. Todo esse efetivo já está trabalhando em base própria do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), no Parque Municipal Marina Gattass, que foi cedido pela prefeitura de Corumbá para o governo federal.

A manutenção de brigadistas mesmo no período em que não há fogo envolve adequação das ações à Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.

"O nosso desafio no Brasil, e acredito que também no mundo, é fazer com que o Plano de Manejo Integrado do Fogo seja mais do que gestão da paisagem. O grande desafio é transformar esse plano, que entendemos como multiescalar, em uma política pública com participação efetiva das populações", declarou o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), André Lima, em evento realizado em Roma (Itália), no dia 11.

O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul divulgou, na quarta-feira, que concluiu treinamento especializado para capacitar 850 pessoas.

Foram realizadas 18 ações de formação de brigadas, com 600 brigadistas voluntários habilitados, principalmente trabalhadores rurais, além de moradores de comunidades no Pantanal e militares do 47º Batalhão de Infantaria, em Coxim. Equipes da Força Nacional de Segurança Pública também estão em Corumbá para dar apoio em fiscalizações.