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Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Terça, 16 de Dezembro de 2025

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Mato Grosso do Sul vira referência nacional na recuperação de pastagens

Capital News

16 de Dezembro de 2025 - 09:08

Mato Grosso do Sul vira referência nacional na recuperação de pastagens
Legenda Entre as oportunidades de conversão estão 600 mil hectares para plantação de soja, 3,7 milhões de hectares para intensificação da pecuária de corte. Foto: Governo MS

Mato Grosso do Sul se consolidou como exemplo para o Brasil na recuperação de pastagens degradadas, uma das prioridades estratégicas do Estado para garantir competitividade, sustentabilidade e segurança alimentar. O avanço é resultado da combinação entre políticas públicas estruturantes, inovação tecnológica e acesso a crédito sustentável.

“Estamos mostrando ao Brasil que é possível produzir mais e com responsabilidade ambiental e tecnologia”, afirmou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), ao destacar o panorama estadual.

O Estado possui cerca de 4,7 milhões de hectares de pastagens degradadas passíveis de recuperação. O desafio histórico vem sendo enfrentado dentro de uma estratégia que posiciona o setor agropecuário como um dos motores da nova economia verde sul-mato-grossense, com foco no manejo responsável do solo e da água.

Entre as iniciativas em execução estão programas estaduais voltados ao uso eficiente dos recursos naturais, como Prosolo, MS Irriga, Plano ABC+ MS, Precoce MS e FCO Verde, que formam a base do avanço na sustentabilidade agropecuária.

“Quando governo, produtores e instituições de pesquisa trabalham juntos, conseguimos acelerar a transição para uma agropecuária moderna, de baixa emissão de carbono e com alto desempenho”, reforçou Verruck.

Modelo para o Brasil

Com planejamento técnico, uso intensivo de ciência e políticas públicas permanentes, Mato Grosso do Sul se firma como referência em pecuária de baixo carbono e agropecuária sustentável, equilibrando produção, competitividade e conservação ambiental.

Estudos do LAPIG e do MapBiomas apontam que o Estado está entre aqueles com maior extensão de áreas classificadas com baixo vigor de pastagem. Parte significativa dessas áreas está no Pantanal, onde a dinâmica natural e a presença de vegetação nativa não caracterizam degradação causada por ação humana, informação considerada essencial para orientar políticas públicas e evitar distorções.

De acordo com o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), a degradação observada em Mato Grosso do Sul decorre, principalmente, de práticas antigas da pecuária extensiva, com baixa taxa de lotação e pouco uso de manejo e adubação. O desgaste do solo e a queda de produtividade exigiram uma resposta robusta, hoje consolidada como política de Estado.

Entre as principais ações estão o Prosolo, voltado à restauração de áreas afetadas por erosão; o MS Irriga, que amplia a irrigação sustentável; o Plano ABC+ MS, que incentiva sistemas integrados como ILPF e uso de bioinsumos; o Precoce MS, focado na pecuária de baixo carbono; e o FCO Verde, linha de crédito que destinou R$ 812 milhões a 771 projetos entre 2020 e 2024.

Credibilidade internacional

A Semadesc e o Fundems investem R$ 7,6 milhões em certificação e monitoramento de carbono na soja e no milho, alinhando Mato Grosso do Sul às exigências dos principais mercados globais. Na pecuária, além do status de área livre de febre aftosa sem vacinação alcançado em 2025, o Estado avança na implantação do Sistema Estadual de Rastreabilidade Bovina, com início previsto para 2026 e cobertura total até 2032.

Outra iniciativa em desenvolvimento é o Selo Verde, que vai integrar dados ambientais e produtivos, garantindo maior transparência socioambiental às cadeias da carne e da soja.

Liderança e capacitação

Mato Grosso do Sul lidera o ranking nacional em áreas com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), somando mais de 3,6 milhões de hectares. Esses sistemas contribuem para diversificação de renda, redução da pressão por novas aberturas e melhoria da fertilidade do solo.

O Estado também está entre os cinco maiores consumidores de bioinsumos do país, impulsionado pelo Programa Estadual de Bioinsumos, criado em 2022. Projetos de confinamento sustentável e intensificação de pastagens ampliam a produtividade e garantem bem-estar animal.

Em parceria com Agraer, Senar e instituições federais, o governo estadual promove capacitações voltadas a práticas conservacionistas e de baixo carbono. Entre os destaques estão os projetos Carbono ATeG, que auxiliam produtores a mensurar e reduzir emissões de gases de efeito estufa, e o ABC Cerrado, com treinamentos em ILPF, plantio direto e florestas plantadas.

“Nossa meta é chegar ao produtor com assistência técnica de qualidade e acesso a crédito sustentável, garantindo que cada propriedade tenha as condições para produzir mais e conservar mais”, concluiu Verruck.