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Policial

Assassino de Carla alega 'amnésia' e relata bom dia não respondido por ela

Marcos André Vilalba de Carvalho está com prisão preventiva decretada pela Justiça desde esta terça-feira (14).

Campo Grande News

15 de Julho de 2020 - 10:49

Localizado na terça-feira (13) por policiais militares do Batalhão de Choque da Polícia Militar e preso preventivamente desde ontem na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), o servente de pedreiro Marcos André Vilalba de Carvalho, de 21 anos, chegou a ser entrevistado pelas equipes de segurança logo depois da descoberta do corpo de Carla Santana Magalhães, de 25 anos, mas não foi ouvido como suspeito inicialmente.

Acabou preso duas semanas depois, em razão de denúncia anônima que levou policiais a encontrarem com ele, lençol manchado de sangue. Foi levado para a delegacia, voltou à casa onde tudo ocorreu, confessou o assassinato, porém disse lembrar-se de pouca coisa.

Sobre a vítima, a quem não conhecia, houve queixa do assassino confesso sobre um dia no qual, vestido "de pedreiro", com a roupa suja, deu bom dia e Carla não respondeu. Se sentiu diminuído, como alegou.

Foi o que contou nesta manhã o delegado de Polícia, Carlos Delano, responsável pelo caso, na primeira entrevista coletiva sobre o assunto.

De acordo com ele, Marcos André demorou algum tempo para admitir que matou Carla. Só fez isso quando foi confrontado pelas equipes com os achados de sangue no lugar.

Havia manchas por toda a casa, conforme a autoridade policial, além do lençol e de uma máscara com resquícios de sangue. Foram encontrados sinais de que algo foi arrastado, inclusive.

Embora o lugar tenha sido lavado, o exame com luminol identificou a presença de material humano, que vai ser alvo para indicar se é o DNA da vítima.

Violência brutal - O site apurou, ainda, que na hora da indagação sobre a presença do sangue, Marcos deu uma resposta que choca e ajuda a explicar a dinâmica do assassinato cruel.

O preso disse que as manchas do líquido humano eram suas, pois usa uma espécie de consolo improvisado, com panos e camisinha, para se satisfazer sexualmente, introduzindo no ânus. Segundo sua alegação, em alguns momentos acaba se machucando e saindo sangue.

Diante da caraterística das manchas, indicando que o sangue foi “aspergido”, ou seja, espirrado, ele acabou admitindo que, “só ele poderia ter matado a jovem”.

Existe a suspeita, ainda, do uso desse consolo para violação sexual de Carla. O assassino não detalha como cometeu o brutal assassinato. Diz não se lembrar da maior parte.

Amnésia - À polícia, Marcos André disse que só se lembra de ter visto Carla passar no dia 30 de junho, de ir atrás dela e do momento em que acordou, no dia 1 de julho, e encontrar o corpo da jovem na casa onde vive, “cheio de furo”.

Admitiu ter escondido debaixo da cama, ido trabalhar normalmente na quarta, quinta e de, na sexta, ver a movimentação no comércio onde ela foi localizada e, só aí, saber que o cadáver da jovem havia sido abandonado, nu, na calçada do comércio onde ele era cliente.

Indagado sobre o porque não houve buscas na casa dele, o delegado informou que para a polícia judiciária fazer isso, seria necessário mandado de busca com fundada suspeita. Isso não existia.

Quando o Batalhão de Choque foi ao lugar, havia uma denúncia anônima com a indicação de participação dele no crime.

“Em um crime como esse, o leque de possibilidades é abrangente. Ele chegou a ser entrevistado por nós, tivemos na casa dele, apesar de naquele momento não ser a linha de investigação mais forte, acabou se revelando a verdadeira”, disse o delegado.

Abandono – No depoimento, Marcos André foi perguntado pela mãe e chamou a mulher de “vagabunda”. Relatou ter sido abandonado por ela. Sobre o pai, disse não ter contato.

Ele mora em Campo Grande há 9 meses. Veio de Bela Vista para trabalhar como servente de pedreiro. Pelas informações levantadas, estudou até o ensino fundamental.   A apuração aponta que é consumidor contumaz de bebida alcoólica.

Marcos está com prisão preventiva decretada por feminicídio, por determinação do juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. Embora ele não conhecesse a jovem ou a família dela, o entendimento da polícia é de que houve “desvalor à condição de mulher”, uma das hipóteses da lei do feminicídio.

“Em um crime como esse, o leque de possibilidades é abrangente. Ele chegou a ser entrevistado por nós, tivemos na casa dele, apesar de naquele momento não ser a linha de investigação mais forte, acabou se revelando a verdadeira”.