Cadeirante preso por atraso de pensão passa o final de semana numa cela da Delegacia

Os policiais da Delegacia de Sidrolândia enfrentaram uma situação inusitada que começou por volta do meio-dia da última sexta-feira e só terminou às 14h30 deste domingo quando saiu a decisão do juiz Alexsandro Motta, da Comarca de Miranda, revogando a prisão do cadeirante Marcos da Silva Pereira com o pagamento no sábado à noite, de R$ 2.867,45, referente ao valor das parcelas em atraso da pensão alimentícia.

Marcos passou dois dias numa das celas da Delegacia sobre a cadeira de rodas porque não pagava desde outubro a pensão alimentícia do seu filho mais velho, residente em Miranda. Há mais de dois anos a carceragem da Delegacia está interditada e só há três celas emergenciais que não oferecem estrutura para um cadeirante que usa bolsa de colostomia, não consegue se mexer sem ajuda, além de necessitar de curativos nas escaras, lesões que se desenvolvem na pele de quem fica muito tempo deitado ou sentado. Além do mais, aos finais de semana só há um delegado e um funcionário plantonista .

Está situação foi descrita ao juiz Fernando Moreira Freitas pela investigadora Suelen Reis, para tentar convencê-lo a substituir a prisão na delegacia pela prisão domiciliar, mas o magistrado transferiu à deliberação para o juiz de Miranda que expediu à ordem de prisão. A prisão de Marcos, aconteceu quase por acaso na última sexta-feira, quando policiais apreenderam o carro dele, um Ecosport, na MS-162, acesso ao Quebra Coco.

Ao checarem a documentação, os policiais militares constataram que havia um mandado de prisão contra o dono do veículo. Marcos ficou paraplégico em 2021 quando foi baleado, sobrevive com um salário mínimo que recebe do INSS e tem outros dois filhos, além deste residente em Miranda.