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Policial

Corregedoria da PM abre inquérito para apurar conduta de policiais no caso

Ministério Público Estadual vê indícios de irregularidades no atendimento da ocorrência em que empresário foi morto a tiros

Campo Grande News

07 de Janeiro de 2017 - 10:57

A Corregedoria da Polícia Militar instaurou inquérito para apurar a conduta dos PMs que atenderam a ocorrência da morte do empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, a tiros pelo policial rodoviário federal, Ricardo Hyun Su Moon, 47, após suposta briga de trânsito ocorrida no último dia 31 de dezembro, na avenida Ernesto Geisel.

A investigação da postura dos policiais foi na verdade um pedido feito na última quarta-feira (4) pelo Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Estadual. Há suspeita de que pelo menos dois crimes, prevaricação e favorecimento pessoal, teriam supostamente sido cometidos pelos PMs que foram ao local do crime.

No pedido, o grupo de promotores dava prazo de dez dias para que a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) iniciasse sua investigação interna dos fatos.

Para justificar seu pedido, o MPE alega que o caso teve circunstâncias especialmente graves e cita fatos que não podem ser “desprezados”.

“É que, há forte indícios de que o requerido, por si só e também com o auxílio de outrem inovou artificiosamente o estado de coisa e pessoa, a fim de induzir os órgãos de segurança a erro, bem como obteve tratamento privilegiado pelo Poder Público”.

Segundo o MPE, um exemplo disto é que, apesar do registro informar que Ricardo foi conduzido pela PM, ele compareceu à delegacia de forma espontânea, onde recebeu a voz de prisão em flagrante. Antes, circulou sem ser incomodado pelo local do crime e xchegou a discutir com uma das vítimas sobreviventes.

Também é destacado que o crime foi às 5h40 e o depoimento do policial foi encerrado às 12h55. Para a promotoria, “indício de que houve atuação irregular” em favor de Ricardo.

Outro fato é de que nos vídeos e fotos, o policial aparece de camiseta listrada e a calça da farda. Mas na delegacia, trajava a farda completa, portanto teria tido tempo para trocar de roupas. Ainda segundo o MPE, o preso deu versões fantasiosas.

Apesar de confirmar a abertura do inquérito, a Polícia Militar do Mato Grosso do Sul disse que não se pronunciará sobre o fato até a conclusão do inquérito do caso pela Polícia Civil.

Moon está preso na carceragem do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) desde a última quinta-feira, após a Justiça voltar atrás e aceitar o pedido de prisão preventiva do PRF. No dia do fato, apesar de ser indiciado em flagrante por homicídio, o acusado ganhou o direito a liberdade provisória.

Na última sexta-feira (6), o renomado advogado Renê Siufi confirmou que assumiu a defesa de Moon, mas que estudará todo o inquérito do caso antes de se pronunciar oficialmente sobre as medidas que irá tomar.

Crime - Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá (a 419km de Campo Grande), seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele atirou sete vezes contra a Hilux branca do empresário.

Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Um jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes e já receberam alta médica.
O policial foi indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF.

Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas.

A Polícia Civil de Campo Grande investiga o caso como homicídio em inquérito. Ouve testemunhas e as duas vítimas sobreviventes, além de rastrear autores das filmagens e ligações para a Polícia Militar. Uma reconstituição do fato deverá acontecer em até duas semanas. O prazo para conclusão da apuração é de 30 dias.