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Policial

"Fraude grosseira" de R$ 7,5 milhões em pesquisas leva 4 à cadeia em MS

Os nomes dos presos encaminhados à sede da Polícia Federal, nos estados onde ocorreram a ação, não foram divulgados.

Campo Grande News

15 de Fevereiro de 2017 - 13:39

A Polícia Federal prendeu quatro pessoas em Mato Grosso do Sul, sendo três em Campo Grande e uma no município de Maracaju, durante a Operação Research (pesquisa, em inglês), desencadeada na manhã desta quarta-feira (15).

Segundo as investigações, elas eram beneficiárias de um esquema que desviou cerca de R$ 7,5 milhões em bolsas de pesquisas da UFPR (Universidade Federal do Paraná). O montante foi desviado no período de três anos.

Investigação conduzida pela Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria Geral da União e Tribunal de Contas da União, apurou que 27 beneficiários não tinham nenhum vínculo com a universidade. Muitos deles, sequer tem nível superior.

Segundo anunciou a Polícia Federal em entrevista coletiva nesta manhã, na superintendência do órgão em Curitiba (PR), o esquema envolvia a Pró-reitoria de Planejamento e Orçamento da universidade, instância que figura em posição logo abaixo da Reitoria.

Durante a operação de hoje, deflagrada nas primeira horas do dia, 27 de um total de 29 mandados de prisão foram cumpridos no Paraná, em Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. Os nomes dos presos encaminhados à sede da Polícia Federal, nos estados onde ocorreram a ação, não foram divulgados.

“Estamos chocados com a forma grosseira em que a fraude era aplicada no âmbito da universidade. Os beneficiários eram pessoas que exerciam profissão de autônomo como cabeleireiro, artesão, taxista, pizzaiolo, assistente administrativo e atendente de loja, entre outras”, diz o delegado Felipe Hayashi. Segundo a autoridade policial, muitos dos beneficiários, também recebiam o Bolsa Família e do programa social do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.

Ainda conforme Hayashi, a situação surpreendeu também porque os desvios poderiam ter sido identificados dentro da universidade, caso tivesse um procedimento interno que prevenisse fraudes na instituição pública.

“Eu fico pensando na comunidade acadêmica, pessoas que fazem um trabalho relevante, mas que não eram beneficiadas com bolsas, porque a universidade alegava que não tinha”, lamenta a autoridade policial.

Os recursos da União iam para mãos erradas, por exemplo, entre 2012 e 2013, um motorista de furgão recebeu do programa R$ 500 mil, outra situação é de um aposentado por invalidez que faturou R$ 719 mil. A Polícia Federal, apura se essas pessoas tinham grau de parentesco com pessoas ligadas à universidade. “Falamos de envolvimento direito, mas também da responsabilidade por omissão imprópria do gestor”, diz o delgado.

Conceição Abadia de Abreu Mendonça, que é chefe do setor de orçamento e finanças da Universidade Federal do Paraná, também está entre os presos. Ela foi suspensa do cargo por determinação do juiz. O esquema começou a ser investigado no final do ano passado.