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Policial

Mulher que abandonou filho trancado e à base de manga estava em prostíbulo

De acordo com a delegada Regina Márcia Rodrigues, Maria de Fátima disse que trabalhava em uma boate na região central de Campo Grande e que devia dinheiro para os donos

Midiamax

17 de Outubro de 2012 - 08:55


Maria de Fátima Ferreira, mãe do menino de quatro anos encontrado abandonado em uma casa no bairro Jardim das Perdizes, se apresentou espontaneamente e sem advogado na tarde dessa terça-feira, ao Conselho Tutelar sul. Lá foi orientada a procurar a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), onde prestou depoimento e foi liberada.

De acordo com a delegada Regina Márcia Rodrigues, Maria de Fátima disse que trabalhava em uma boate na região central de Campo Grande e que devia dinheiro para os donos. Era uma dívida quase que impagável, conforme a mulher. Foi então que ela decidiu ficar diuturnamente no local fazendo programas sexuais e trabalhando no caixa na intenção de saldar a dívida.

A mulher afirma que esta foi a primeira vez que deixou a criança sozinha em casa, mas o menino afirmou aos policiais militares e um conselheira tutelar que esta não era a primeira vez que ficava nessas condições, porém das outras vezes a mãe demorava menos dias pra voltar.

Sem querer mostrar o rosto, depois de prestar depoimento à delegada Regina Márcia, Maria de Fátima disse que ama o filho e vai lutar para te-lo de volta. Ela não quis falar sobre sua estadia no prostíbulo. Para as autoridades policiais confessou que ficou sabendo que o filho foi encontrado e que o caso tomou repercussão por meio de uma reportagem veiculada no SBT MS. Os donos da boate também ficaram sabendo do caso e disseram para ela não voltar mais ao local.

A irmã de Maria de Fátima, Roseli Pereira Correa disse que tinha ficado com o sobrinho várias vezes e não tinha conhecimento que ele estava abandonado e em meio a tanto lixo. “Todo mundo erra. Eu me senti muito mal e esta história vai ficar marcada pra sempre na vida dos dois (mãe e filho). Eu senti um vazio ao saber que ele estava longe da mãe e passando por tudo isso. Meus filhos também estão assustados”, disse.

Maria de Fátima contou em depoimento que saiu de casa por volta das 20h do dia 9 de outubro. Afirma que retornou por volta das 22h e já encontrou a criança dormindo. Resolveu então voltar para a boate. Até a manhã de domingo, 14, a criança se alimentou de mangas, inclusive num dos cômodos da casa, que mais parece desabitada, foi encontrado um monte de caroços misturados a uma grande quantidade de lixo no chão. A mãe da criança alega que deixou bolacha e comida.

Um vizinho percebeu a criança sozinha e então acionou a polícia militar. Foi preciso quebrar o cadeado do portão para entrar. Depois o Conselho Tutelar sul foi acionado e a criança recolhida. Depois um juíz de plantão o encaminhou para abrigamento, onde vai permanecer até a juíza da Vara da Infância, da Juventude e do idoso decidir se ele volta para a mãe, será entregue para um familiar ou será encaminhado para adoção.

Maria de Fátima foi indiciada por abandono de incapaz e ainda pode peder a guarda da criança, dependendo do entendimento da Justiça. Sobre esta possibilidade ela afirma que estava na delegacia justamente par tentar impedir que isso aconteça. Sobre o porquê dessa vez não ter deixado o filho com a tia, a mulher afirma que “a irmã já tem cinco filhos e seus compromissos. Não sou usuária de droga nem de álcool”, finalizou.

A casa

Dentro do imóvel os policiais militares e a conselheira tutelar encontraram muita sujeira misturada com roupas e restos de comida. Pouca mobília, inclusive algumas estragadas. O fornecimento de energia elétrica e água está funcionando. O banheiro estava com dejetos e com forte mal cheiro. O quintal está cheio de mato alto e pés de manga, onde provavelmente o menino pegou frutas para se alimentar durante cinco dias.