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Policial

Sidrolândia está sem estrutura para atender adolescentes, vítimas da epidemia das drogas

Assim como a maioria das cidades brasileiras, Sidrolândia não tem estrutura para lidar os protagonistas desta tragédia

Flávio Paes/Região News

15 de Setembro de 2014 - 09:00

I.T da S.T, 11 anos. L.C. S, 12 anos. V.D. M, 14 anos. F.S, 10 anos. Estas iniciais, mais do que camuflar as identidades dos seus portadores, mantém nas sombras um painel da epidemia das drogas que transformou algumas dezenas de menores e adolescentes, em reféns do vicio, que financiam praticando pequenos furtos. Assim como a maioria das cidades brasileiras, Sidrolândia não tem estrutura para lidar os protagonistas desta tragédia. Quase toda semana eles são apreendidos pela Polícia, passam pela delegacia e voltam para o mesmo ambiente de marginalidade. 

Ao Judiciário e o Ministério Público restam poucas alternativas já que a maior parte das famílias destes jovens é desestruturada, os próprios pais também sofrem com a dependência química ou o alcoolismo.

A cidade não tem clinicas especializadas no tratamento e recuperação de dependentes químicos e mesmo em Campo Grande, as que existem são instituições particulares, onde o encaminhamento depende da ordem judicial para a Prefeitura assumir os custos. No Hospital Nosso Lar, especializado no tratamento de doenças psiquiátricas, não há alas para menores e adolescentes.

“É um problema social que a ação policial não vai resolver”, admite o delegado Enilton Pires Zalla. A cidade dispõe de um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) que não está estruturado para jovens e adolescentes, além de só funcionar de segunda a sexta-feira durante o horário comercial.

Por iniciativa do delegado, a Justiça determinou a ida de V.D. M, para uma temporada numa Unidade de Internação em Campo Grande. Com 15 passagens pela polícia – todas por pequenos furtos, prática que usa para comprar droga e consumir – o garoto, já fugiu da Casa Abrigo (para onde foi levado há dois anos, junto com os irmãos), de uma comunidade terapêutica em Jaraguari, permaneceu internado numa clínica, mesmo assim voltou às ruas, agindo de forma violenta.

“Se este menino continuar nas ruas, o destino deles, será a morte antes dele chegar aos 18 anos”, é a previsão sinistra de um dos conselheiros tutelares que participou das várias tentativas de resgatar Neguinho das drogas. Ele vem acompanhando a mesma trajetória de outro menor, “Felipinho”, que aos 10 anos abandonou a escola, é usuário de drogas, pratica furtos para financiar o vicio.

Outro que parece seguir esta mesma trajetória é L.V. S, o “Luquinha”, que na semana passada, em companhia de outro menor, L.S.S, 16 anos, roubou uma bicicleta, apavorando a vítima sob a ameaça de um punhal de 18 centímetros. Na  terça—feira, a PM fechou uma boca de fumo no Bairro Cascatinha (Rua Getúlio Pereira) que era gerenciada por um menor de 16 anos, J.A.R.E.

Quem é também protagonista da tragédia social das drogas é I.S. T, de 11 anos, que ficou internada quatro meses no Hospital Nosso Lar em Campo Grande, fugiu mais de uma vez da Casa Abrigo, para onde foi encaminhada há mais de um ano. A mãe dela é Iara da Silva Lima, dependente química, que já cumpriu pena por tráfico de drogas.